Pancs, plantas alimentícias não convencionais, que são usadas na culinária

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 4 de novembro de 2018 às 16:29
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:08
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Restaurante de Franca utiliza diversas espécies em seu cardápio, agradando paladares pelo sabor inusitado

As pancs nada mais são do que plantas
alimentícias não convencionais. A sigla é bem autoexplicativa. Fazem parte
das pancs plantas que nós não consumimos como forma de alimento
simplesmente por falta de costume ou de conhecimento.

Outro fator que contribui para o pouco
uso na alimentação é o fato de não serem facilmente encontradas em hortifrutis ou
supermercados e geralmente serem consideradas “mato”, “ervas
daninhas” ou “invasoras” por crescerem espontaneamente junto com
plantas que cultivamos. Jogando-as fora, perde-se a oportunidade de consumir
alimentos com um alto valor nutricional por falta de informação.

Mas nem sempre as coisas foram assim,
antigamente as pancs eram consumidas, mas a falta de contato com a
natureza que a vida na cidade proporcionou principalmente a partir do século
XX, esses alimentos começaram a ser esquecidos. Estima-se que o número de
plantas consumidas pelo homem caiu de 10 mil para 170 nos últimos cem anos.

Só no Brasil há uma biodiversidade
enorme a ser pesquisada que possui esse potencial – estima-se que o país tenha
em torno de dez mil plantas com potencial uso alimentício.

Para se ter uma ideia, a rúcula que
consumimos hoje era considerada erva daninha há pouco tempo. Também são
consideradas pancs as plantas que são subaproveitadas, como a bananeira
– além dos frutos, os mangarás (corações ou umbigos) podem ser aproveitados mas
acabam desperdiçados.

Mas, afinal como identificar as partes que
compõem esse grupo seleto? Chefs de cozinha explicam que as opções são
diversas. Existem espécies nativas, exóticas, cultivadas, folhas, grãos e
flores. Geralmente, elas não são encontradas nos mercados tradicionais, mas em
casas específicas. E, justamente por isso, a maioria das pessoas desconhece que
elas são comestíveis.

Um estudo norte-americano publicado na revista
HortScience mostrou que as folhas de batata-doce, normalmente jogadas fora na
culinária tradicional do dia a dia, contêm o triplo de vitaminas C (reforça as
nossas defesas) e B6 (boa para o sistema nervoso) e dez vezes mais riboflavina
(reduz os danos causados pelo stress). O sabor é mais suave que o da chicória,
além de ser versátil. “Refogue ou cozinhe as folhas em sopas e caldos”, indica o
chef de cozinha Bernardo Zuza, do restaurante Arroz com Feijão em Franca, que
costuma utilizar diversas espécies de pancs em pratos do cardápio das duas
unidades na cidade.

Os nomes que também merecem destaque: ora-pro-nóbis
(comum na culinária de Minas Gerais), tupinambor ou alcachofra-de-jerusalém,
peixinho ou lambari-de-folha (folha que, quando frita, fica com um sabor que
lembra peixe), tiririca… Com um pouco de sorte, você encontra os novos
alimentos na feira orgânica ou em restaurantes inovadores. 


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