Mais prejudicado pela pandemia, setor de serviços teve queda nas receitas em outubro

  • Joao Batista Freitas
  • Publicado em 16 de dezembro de 2021 às 11:00
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O cenário que vem se desenhando para 2022 é de desaceleração mais intensa para comércio e indústria e agora atingindo serviços

Com o poder de compra comprometido, as pessoas consomem menos serviços, como cabeleireiro, por exemplo.

O setor de serviços, o mais prejudicado pela pandemia, dava ligeiros sinais de recuperação com o avanço da vacinação e reabertura da economia.

Mas o alívio durou pouco. As receitas do setor caíram 1,2% em outubro em relação a setembro, emendando dois meses de taxas negativas.

Esse resultado veio pior que o esperado pelo mercado, que estimava que serviços ficariam estáveis – na pior das hipóteses, haveria uma queda de 0,5%. A informação é do portal 6 Minutos.

“Indústria e comércio já desenhavam esse cenário de desaceleração. O resultado pior que o esperado mostra uma desaceleração também em serviços”, afirma Rodolpho Tobler, economista do Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da FGV).

Atividade reduzida

Para o economista do Ibre-FGV, fatores macroeconômicos como a inflação e aumento dos juros acabaram reduzindo a atividade do setor de serviços.

Com o poder de compra comprometido, as pessoas consomem menos serviços, como cabeleireiro, por exemplo. Ainda assim, alguns segmentos mais beneficiados pela vacinação e reabertura, como serviços prestados às famílias e atividades culturais, têm espaço para melhora.

“A vacinação tem se mostrado eficiente para a recuperação desses segmentos, que ainda estão distantes do patamar pré-pandemia e ainda têm muito espaço para se recuperar”, afirma Tobler.

No entanto, as categorias de serviços vinculados às demandas de empresas apresentaram desempenho muito fraco em outubro. Esse é o caso de serviços técnico-profissionais (-4,2%) e serviços de informação e comunicação (-1,6%).

Panorama para 2022

Há também o caso do turismo, por exemplo, que foi prejudicado pela inflação. Segundo Rodolfo Margato, economista da XP, o tombo em serviços de transporte aéreo (-9% em setembro e -5,3% em outubro), provavelmente refle a forte elevação recente dos preços das passagens aéreas “.

A conclusão mais preocupante é a do panorama do setor para 2022. “Quando olhamos para os próximos meses, o cenário que vem se desenhando é de desaceleração mais intensa para comércio e indústria e agora atingindo serviços”, afirma Tobler.

“Já vemos resultados negativos vindos no final de 2021, tornando mais desafiadora a busca pela volta do crescimento”.

E como a expectativa de crescimento da economia como um todo no ano que vem é pessimista, isso significa que o desemprego será ainda mais severo nos serviços. Isso porque, segundo Tobler, os resultados do setor influenciam o ritmo recuperação do mercado de trabalho, pois trata-se do maior empregador no país.


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