Leitos de UTI em SP podem acabar até a próxima segunda-feira, diz infectologista

  • Nina Ribeiro
  • Publicado em 13 de março de 2021 às 16:30
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Segundo dados da Secretaria de Saúde de São Paulo, o Estado atingiu na sexta-feira, 12, o maior número de internados desde o começo da pandemia

O infectologista Marcos Boulos

 

O infectologista Marcos Boulos, professor da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), afirmou que pode não haver mais leitos de UTI (unidade de terapia intensiva) para pacientes com covid-19 a partir de segunda-feira, 15 de março.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, publicada na sexta-feira, 12, ele disse que as pessoas morrerão por falta de assistência médica em São Paulo.

Segundo dados da Secretaria de Saúde de São Paulo, o Estado atingiu na sexta-feira, 12, o maior número de internados desde o começo da pandemia, com 9.777 pacientes em UTIs.

As taxas de ocupação dos leitos de UTI são de 89,4% na grande São Paulo e 87,6% no Estado.

Integrante do Centro de Contingência do Coronavírus do Estado de São Paulo, órgão que assessora o governo paulista, Boulos declarou que a adoção da “fase emergencial” em São Paulo foi proposta pelo grupo.

Disse que é possível discutir, futuramente, um maior rigor na fiscalização, para dificultar a circulação de pessoas durante o dia.

Para o médico, um lockdown seria a melhor opção de saúde para o país.

Com a medida, todas as atividades ficariam suspensas e a circulação nas ruas só seria permitida para urgências médicas, por exemplo.

“Para lockdown você precisa do Exército na rua para evitar a circulação, e o presidente Jair Bolsonaro já disse que não usaria o Exército para as pessoas pararem de trabalhar”, afirmou.

O infectologista também contrariou o discurso do governador João Doria (PSDB) de que “ouve a ciência” para tomar as medidas na pandemia. Boulos afirmou que o tucano não seguiu os preceitos científicos nos últimos meses.

“Doria falava isso até o ano passado: ouvir a ciência para preservar vidas. Nós falamos várias vezes da necessidade de impor medidas restritivas que não foram acatadas pelo governo”.

“O discurso do ano passado estava correto quando ele estava levando em consideração os dados que a gente passava. Depois, acho que ele foi extremamente pressionado pelo setor de restaurantes, bares e outras coisas e não acatou os dados da ciência para as restrições de circulação no tempo adequado. Por isso hoje estamos assim”.

Marcos Boulos atribui o colapso da saúde em São Paulo a vários fatores: as aglomerações do período eleitoral, o cansaço das pessoas em cumprir o isolamento social de forma rigorosa, as festas de fim de ano e a chegada da variante brasileira do coronavírus, conhecida como P.1.

Também falou que a vacinação em São Paulo está “muito lenta”, mas dentro do esperado. “Não tem vacina. Infelizmente, essa liderança deveria ser do governo federal, mas ele não investiu nisso”.


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