Juros do rotativo do cartão de crédito sobem para 278,7% ao ano

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 27 de outubro de 2018 às 00:33
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:07
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Os consumidores que caíram no rotativo do cartão de crédito pagaram juros mais caros em setembro

Os consumidores que
caíram no rotativo do cartão de crédito pagaram juros mais caros em setembro. A
taxa média do rotativo subiu 4,7 pontos percentuais em relação a agosto,
chegando a 278,7% ao ano.

Os dados foram
divulgados na sexta-feira, 26 de outubro, pelo Banco Central. A taxa média é
formada com base nos dados de consumidores adimplentes e inadimplentes.

No caso do consumidor adimplente, que paga pelo menos o valor
mínimo da fatura do cartão em dia, a taxa chegou a 259,9% ao ano em setembro,
com aumento de 9,6 pontos percentual em relação a agosto. Já a taxa cobrada dos
consumidores que não pagaram ou atrasaram o pagamento mínimo da fatura
(rotativo não regular) subiu 0,9 pontos percentuais, indo para 292,2% ao ano.

O rotativo é o
crédito tomado pelo consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura
do cartão. O crédito rotativo dura 30 dias. Após esse prazo, as instituições
financeiras parcelam a dívida.

Em abril, o Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu que
clientes inadimplentes no rotativo do cartão de crédito passem a pagar a mesma
taxa de juros dos consumidores regulares.

Essa regra entrou em
vigor em junho deste ano. Mesmo assim, a taxa final cobrada de adimplentes e
inadimplentes não será igual porque os bancos podem acrescentar à cobrança os
juros pelo atraso e multa.

De acordo com o chefe adjunto do Departamento de Estatísticas do
BC, Renato Baldini, a taxa de rotativo do cartão tem oscilado em níveis mais
baixos desde abril, em consequência da medida do CMN. Com isso, segundo ele,
houve uma redução importante da taxa de juros para os inadimplentes e a
migração das operações do rotativo para o crédito parcelado. “Isso é positivo
para a redução de juros de pessoas físicas”, disse.

Enquanto a taxa de juros do rotativo chegou a 278,7% ao ano, o
parcelamento das dívidas do cartão de crédito pôde ser feito com juros de
152,4% ao ano em setembro.

Cheque
especial

Já a taxa de juros do cheque especial caiu 1,8% em setembro,
comparada a agosto, e está em 301,4% ao ano. Assim continua a ser a menor taxa
desde março de 2016, quando estava em 300,8% ao ano.

As regras do cheque especial mudaram em julho. Segundo a
Federação Brasileira de Bancos (Febraban), os clientes que utilizam mais de 15%
do limite do cheque durante 30 dias consecutivos passaram a receber a oferta de
um parcelamento, com taxa de juros menores que a do cheque especial definida
pela instituição financeira.

As taxas do cheque especial e do rotativo do cartão são as mais
caras entre as modalidades oferecidas pelos bancos. A do crédito pessoal, por
exemplo, é mais baixa: 122,2% ao ano em setembro, mesmo com o aumento de 0,8
ponto percentual em relação a agosto. A taxa do crédito consignado (com
desconto em folha de pagamento) recuou 0,1 ponto percentual, indo para 24,4% ao
ano em setembro.

A taxa média de juros para as famílias aumentou 0,4 ponto
percentual em setembro para 52,2% ao ano. A taxa média das empresas se manteve
em 20,4% ao ano.

Inadimplência

A inadimplência do crédito, considerados atrasos acima de 90
dias, para pessoas físicas, caiu 0,1 ponto percentual e ficou em 4,9% em
setembro. No caso das pessoas jurídicas, também houve recuo, de 0,2 ponto
percentual, ficando em 3,1%. Esses dados são do crédito livre, em que os bancos
têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado.

De acordo com Baldini, a inadimplência das famílias (pessoas
físicas) continua no menor nível histórico, desde a série iniciada pelo Banco
Central em março de 2011. A taxa média de inadimplência com recursos livres
para pessoas físicas e empresas – de 4,1% em setembro – também é a menor da
série histórica.

A explicação são os programas de refinanciamentos e repactuações
de dívidas em atraso. “E esse processo, mais ou menos, se consolidou. Boa parte
do que havia de crédito em atraso foi renegociado e, de certa forma, deu vida
nova agora com taxas mais baixas”, explicou.

Segundo ele, no caso das pessoas físicas, isso vem ocorrendo de
forma constante desde 2016. Para empresas, os processos de renegociações
avançaram até o ano passado e vem se consolidando. “A inadimplência das
empresas está 3,1%, era quase o dobro disso em maio do ano passado, 6%. Mas também
houve a recuperação da economia, com a expansão do crédito e melhoria das
condições de pagamento”, explicou.

No caso do crédito direcionado (empréstimos com regras definidas
pelo governo, destinados, basicamente, aos setores habitacional, rural e de
infraestrutura) os juros para as pessoas físicas também caíram 0,2 ponto
percentual, para 7,6% ao ano. A taxa cobrada das empresas caiu 0,7 ponto
percentual, para 8,7% ao ano.

A inadimplência das pessoas físicas caiu 0,2 ponto percentual e
ficou em 1,7% e a das empresas subiu 0,4 ponto percentual, para 2%. “São as taxas mais baixas desde dezembro de 2014. Esse nível baixo configura um
cenário favorável para a continuidade da recuperação sustentável do mercado de
crédito”, disse Baldini.

Saldo
dos empréstimos

Em setembro, o estoque de todos os empréstimos concedidos pelos
bancos ficou em R$ 3,168 trilhões, com aumento de 0,4% no mês e de 2,5% no ano.
Em 12 meses, a expansão foi de 3,9%.

Esse estoque do crédito corresponde a 46,7% de tudo o que o país
produz – o Produto Interno Bruto (PIB).


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