Emprego e renda são os sonhos da maioria dos brasileiros neste Natal

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  • Publicado em 25 de dezembro de 2019 às 11:15
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:10
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Recuperação gradual da economia ainda deixará muita gente fora do mercado de trabalho

​12,4 milhões de desocupados. É esse o número de pessoas que sonham com a inserção no mercado de trabalho no Brasil. Seria a melhor forma de ter, de fato, um Natal feliz e um próspero ano-novo. 

Com 2019 chegando ao fim, muitos nutrem expectativas e esperanças para o ano que se avizinha. Sobretudo em um cenário em que a economia, pouco a pouco, começa voltar aos trilhos. 

Brasileiros sem ocupação que começam a ouvir histórias ou a observar o familiar, amigo ou o vizinho conseguindo emprego passam a, naturalmente, vislumbrar o mesmo para si. Um cenário que, em 2020, traz uma probabilidade maior de pessoas, como Luísa, de se reinserir no mercado.

A atividade econômica ensaia um crescimento entre 2% e 2,5% para o próximo ano, com possibilidades de chegar a 3%, na opinião de analistas que contam com mais investimentos. 

O Produto Interno Bruto (PIB) neste patamar amplia as chances de os brasileiros conseguirem um posto formal, afirma Tony Volpon, ex-diretor do Banco Central e economista-chefe do UBS Brasil. “O mercado de trabalho está dando sinal de maior formalização do emprego. E isso é um sinal positivo”, destaca.

Na ponta do lápis

As sinalizações de formalização do emprego sugerem a criação de postos com maior potencial de renda e consumo. A carteira de trabalho possibilita ao brasileiro demandar mais produtos não duráveis, semiduráveis e, também, duráveis, como móveis e eletrodomésticos. “É mais fácil para a pessoa conseguir crédito no sistema bancário mediante a comprovação do emprego com carteira”, explica Volpon. Ou seja, para Luísa, que vive de reciclagem e de faxinas para complementar os R$ 212 que recebe do Bolsa Família, essa é uma boa notícia. 

O país deve encerrar 2019 com 600 mil empregos gerados, calcula a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Para 2020, projeta um saldo positivo entre demissões e admissões de 1,1 milhão. 

Os brasileiros podem vislumbrar o dobro da criação de postos de trabalho, em um processo de retroalimentação com o avanço da economia. Ou seja, quanto mais cargos formais são criados, mais consumo há e maiores são as chances de crescimento do PIB,  consequentemente, de ampliação da necessidade de mão de obra. 

A vendedora Abda Sara, 25 anos, está inserida no mercado de trabalho, mas explica que sofre para fechar as contas no azul e honrar os compromissos. Mensalmente, estima que mais de 60% do salário são voltados para o aluguel e contas essenciais, como água, luz e internet. Para o ano que vem, sonha em não precisar abrir mão de outros itens para ter onde morar. “Saí de casa porque eu quis. Queria me sentir mais independente. Mas é tudo muito caro, né? Fica difícil pagar tudo sozinha e ainda fazer as coisas que realmente quero”, justifica.

A expectativa de Abda em conseguir um emprego que pague mais, pode se concretizar em 2020. O economista-sênior da CNC, Fábio Bentes, projeta um crescimento do consumo das famílias de 2,5%. “A economia vai continuar sendo puxada mais pelos investimentos do que pela demanda, mas, em termos de contribuição, as famílias representam por quase 2/3 do PIB. Sinceramente, não vejo nenhuma possibilidade de esse cenário ser abalado no curto prazo, a não ser que surja algum fator político para perturbar todo esse cenário. Este ano, o dólar subiu e a inflação não disparou”, justifica.


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