Disparada da inflação: alimentação faz brasileiro se endividar no cartão de crédito

  • Joao Batista Freitas
  • Publicado em 10 de abril de 2022 às 17:00
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Puxada pelos alimentos, inflação leva o brasileiro a se endividar para pagar supermercado. 69% das compras feitas no crédito são de necessidades básicas

Os mais recentes números econômicos indicam que a inflação não vai dar trégua. Em março, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) chegou a 1,62%, o maior patamar para o mês desde 1994 mês do lançamento do Plano Real.

Em 12 meses, o IPCA acumula um avanço de 11,3%, segundo dados divulgados, na sexta-feira (08), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa disparada da inflação, puxada por alimentos e transportes, leva o brasileiro a recorrer ainda mais ao cartão de crédito na compra de itens de necessidades básicas, como alimentos e supermercados.

A última Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada em 31 de março pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), revelou que 77,5% das famílias brasileiras estão endividadas. O cartão de crédito é o maior motivo: 87% das pessoas estão em débito nessa modalidade.

Segundo notícia do jornal Correio Braziliense, nos lares com renda abaixo de 10 salários mínimos, a porcentagem de devedores é de 78,5%, já nos que recebem acima de 10 salários mínimos, 73,7%.

Ambas as taxas tiveram alta em vista do registrado em fevereiro. Segundo dados do Serasa, o valor médio da dívida de cada brasileiro está em R$ 4.042,08, e nove em cada 10 acreditam que estar endividado é motivo de vergonha. O número de inadimplentes passa dos 65 milhões.

A pesquisa revelou ainda que:

69% das compras feitas no cartão de crédito são de necessidades básicas, como alimentos e supermercados;

42% são realizadas para aquisição de roupas e eletrodomésticos;

41%, para remédios e tratamentos médicos.

Além disso, foi constatado que 85% das pessoas em débito têm o sono prejudicado por causa das dívidas, e 76% passaram a ter dificuldade para se concentrar no trabalho.

“Na maior parte dos casos, as dívidas feitas no cartão de crédito, pelo menos no caso de pessoas físicas, são as piores. Quando o juro que você paga é maior do que o benefício que você recebe, é uma dívida ruim, você está tendo mais malefícios do que benefícios”, detalha Roberto Luís Troster, ex-economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).


+ Economia