Crianças e grupos de WhatsApp: quando e como permitir o uso?

  • Rosana Ribeiro
  • Publicado em 12 de maio de 2025 às 21:00
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Especialistas recomendam adaptar o nível de controle à idade e maturidade da criança, mantendo um espaço de conversa e troca; descubra quais são as principais dicas

Muitas crianças acabam tendo acesso a apps de mensagens muito cedo, até mesmo sem conhecimento dos pais – foto Arquivo

 

Alguns dos principais aplicativos de mensagens e redes sociais — como WhatsApp, Instagram ou TikTok — incluem em seus termos e condições de uso a idade mínima de 13 anos para criar uma conta (embora todos eles estejam sujeitos às políticas de cada país: na Coreia do Sul é de 14 anos e na Espanha espera-se que suba para 16).

Apesar disso, muitas crianças se registram cedo, às vezes sem o conhecimento ou permissão dos adultos, para evitar se sentirem isoladas.

Antes de decidir se uma criança deve usar o WhatsApp por razões práticas ou sociais, é crucial avaliar se é a melhor opção, mesmo com boas intenções.

Existem aplicativos de redes sociais e mensagens voltados especificamente para crianças, como o Zigazoo ou o JusTalk Kids Messenger, que podem ajudar a reduzir os muitos riscos para crianças no WhatsApp e outras plataformas.

Vulnerabilidade e monitoramento

Estudos mostram que o uso de celulares sem supervisão cuidadosa dos pais aumenta o risco de cyberbullying, uso problemático e comportamentos prejudiciais ao desenvolvimento social.

Entre 10 e 16 anos, menores são especialmente vulneráveis ​​à pressão dos colegas, à impulsividade e aos riscos à autoestima.

Embora alguns jovens de 13 anos sejam muito maduros e outros de 17 não, a decisão deve ser baseada na maturidade da criança, no autocontrole e na capacidade de lidar com conflitos e rejeições, bem como na influência de seus colegas.

Antes de conceder acesso, é essencial preparar os menores para que sua primeira experiência em grupos de mensagens seja positiva e segura. Esse aprendizado deve começar na família e continuar na escola.

Ensinar as regras da chamada netiqueta (conjunto de boas maneiras que se aplicam ao ambiente online) é essencial: assim como aprendemos a interagir com respeito e cortesia pessoalmente, devemos aprender a manter conversas respeitosas no ambiente digital, onde a empatia e a intenção da mensagem podem ser mais difíceis de discernir.

Além disso, é necessário estabelecer regras claras e acordadas sobre o tempo de uso e o que pode ser compartilhado, com quem e quando.

Eles precisam ser ensinados a não compartilhar informações pessoais, fotos privadas, ou informações sobre sua localização ou hábitos.

Outro aprendizado essencial é praticar como responder (ou não responder) a mensagens ofensivas, piadas ou exclusões, e reagir a mensagens ofensivas ou perturbadoras.

Esses aprendizados não são temporários, mas exigem suporte contínuo à medida que as situações evoluem ao longo da adolescência.

Como realizar a supervisão digital?

Monitorar não significa espionar ou proibir, mas sim apoio ativo e progressivo. É importante criar uma cultura familiar e escolar que priorize a comunicação presencial e o tempo livre em detrimento das trocas virtuais e que reserve um tempo para o uso sem celular.

O segredo é adaptar o nível de controle à idade e maturidade da criança, mantendo um diálogo aberto.

Nos primeiros anos, é recomendável que os pais tenham acesso às senhas e revisem as mensagens periodicamente, explicando previamente os motivos dessas verificações em colaboração com a criança.

Os controles parentais permitem que você limite o tempo e o uso do conteúdo, garantindo privacidade e segurança. Isso também permite a revisão de contatos e grupos para que menores possam deixar aqueles com os quais não se sentem confortáveis.

Uma boa prática é incentivar a participação gradual: comece apenas com grupos familiares ou amigos muito próximos e depois expanda o círculo gradualmente, à medida que eles demonstram responsabilidade e maturidade.

O exemplo dos adultos é fundamental: os pais devem supervisionar o uso do próprio celular e dar exemplos de como gerenciar conflitos e privacidade digital.

Não há uma idade específica para encerrar a supervisão, mas há alguns indicadores: quando a criança demonstra responsabilidade, sabe pedir ajuda, respeita regras e lida bem com conflitos, o monitoramento pode ser mais discreto.

No entanto, a adolescência é um período particularmente vulnerável: portanto, é aconselhável continuar a supervisão, mesmo que menos intrusiva, pelo menos até os 16 anos.

Entre 13 e 16 anos, idade legal para mensagens pessoais e redes sociais, é recomendado:

Acompanhamento ativo: Conhecer as atividades, amizades e preocupações da criança, demonstrando afeto e apoio.

Os adultos devem estar presentes durante o acesso à internet e o uso do dispositivo, fornecendo orientação e explicando os riscos e as melhores práticas.

Controle de conteúdo: filtre e limite o acesso a conteúdo inapropriado, restrinja a instalação de aplicativos e a participação em redes sociais ou grupos de mensagens.

Estabeleça rotinas: combine horários e tempo de uso e incentive atividades longe das telas.

Educação em habilidades digitais: ensine como identificar situações de risco e pedir ajuda para qualquer problema.

Mais tarde, mesmo que a supervisão seja reduzida, os adultos devem continuar sendo um modelo fundamental, disponíveis para abordar questões ou problemas e alertas para sinais de risco, como vício, isolamento ou comportamento problemático.

Em última análise, a decisão sobre quando permitir o acesso aos grupos de mensagens deve ser baseada na maturidade do menor, na supervisão ativa e no apoio contínuo, sempre priorizando a segurança e o bem-estar emocional da criança.

Fonte: O Globo


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