Como o Brasil, destaque na produção agrícola, é dependente de fertilizante importado

  • Robson Leite
  • Publicado em 5 de março de 2022 às 10:00
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País responde por 8% do consumo global. Petrobras chegou a ser maior produtora de nitrogenados do mundo, até deixar o negócio em 2018

Primeira refinaria do Brasil, prestes a ser vendida, a unidade tem capacidade de produção de 333 mil barris/dia. (Foto: Saulo Cruz / MME)

A guerra na Ucrânia tem potencial devastador no agronegócio brasileiro, devido à dependência do país de fertilizantes importados. Mas nem sempre foi assim. A Petrobras já chegou a ser a maior produtora de nitrogenados do mundo, mas deixou o negócio para focar em petróleo e gás, em 2018.

A decisão, segundo especialistas, fez parte de um plano de negócios da estatal, a partir de 2016, que previa desinvestimentos em áreas que não eram o principal foco da empresa — petróleo e gás — para reduzir a sua então dívida de US$ 160 bilhões.

— Eles montaram um plano estratégico para alocar capital em áreas prioritárias e onde tinham vantagem comparativa. Saíram de fertilizantes, térmicas, e de exploração de campos de terra e de águas rasas. O objetivo era reduzir a dívida e pagar bons dividendos. Isso levou a empresa a uma situação melhor atualmente — diz Ilan Arbetman, analista de petróleo e gás da Ativa Investimentos.

Venda de unidade para grupo russo

No plano, a estatal alegou que produzir fertilizantes dava prejuízo e arrendou e vendeu fábricas em Sergipe, na Bahia, Paraná e Mato Grosso do Sul.

Em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, a unidade que estava sendo construída, foi vendida para o grupo russo Acron para produzir uréia fertilizante.

Também para diminuir seu endividamento, a Vale decidiu, em 2016, vender suas plantas e investimentos em fertilizantes.

“Esta transação reforça o pilar estratégico da Vale de disciplina na alocação de capital e o contínuo foco em nossos principais negócios”, afirmou a empresa em nota em 2021, quando terminou de vender sua participação na Mosaic,  produtora de potássio e fertilizante de fosfato.

O economista Paulo Feldmann, professor de economia brasileira na Universidade e São Paulo. a Petrobras, que produzia fertilizantes até 2018, deveria ter tido alguma proteção nesse segmento, como acontece em outros países, que criam condições a seus setores estratégicos da indústria.

Petrobras cancelou projetos

Em declaração ao jornal O Globo, Walter Franco, professor de macroeconomia do Ibmec, diz que, apesar de a Petrobras ter saído do segmento de fertilizantes, pode retomá-lo agora, inclusive em parceria com russos que compraram uma de suas fábricas no país.

Em 2017, a Petrobras, coerente com sua estratégia de gestão de portfólio, decidiu pela saída do negócio de fertilizantes em função da persistência de significativos prejuízos e consequente destruição de valor decorrente da operação desses ativos.

Nesse contexto, a companhia cancelou um projeto, paralisou a construção de outro e está negociando sua venda.

A Petrobras também iniciou o processo de desinvestimento da Araucária Nitrogenados S.A. (ANSA) e arrendou as fábricas de fertilizantes de Sergipe e Bahia, em 2020.


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