Celular nas mãos de crianças é uma boa distração ou pode prejudicar os pequenos?

  • F. A. Barbosa
  • Publicado em 15 de março de 2024 às 18:30
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Para especialistas, crianças menores de 12 anos não têm maturidade para administrar uso de dispositivo

Com a tecnologia cada vez mais integrada ao dia a dia das pessoas, o celular se tornou objeto de desejo das crianças da geração alfa, isto é, aquelas nascidas de 2010 em diante.

O uso do aparelho em uma idade precoce, no entanto, pode trazer graves consequências.

Segundo a psicóloga infantil Sabrina Pani, crianças menores de 12 anos não têm ainda a maturidade necessária para administrar o uso do dispositivo de forma saudável.

“Até mesmo para nós, adultos, tem sido difícil esse controle, essa autonomia em relação ao uso das redes sociais e das telas. Sabemos que essas redes têm mecanismos que causam vício”, afirma.

“Sobretudo na pandemia, estivemos vendo graves consequências para o desenvolvimento psicológico de crianças que passam a maior parte do tempo na frente do celular”, completa.

De acordo com a psicóloga, ao mesmo tempo em que a tecnologia foi útil para que as pessoas pudessem continuar mantendo contato nesse período, ela mostrou o quanto a “vida real” faz falta para os seres humanos – e para a criança, isso é ainda mais importante.

“A criança precisa pegar nos objetos, senti-los, pensar sobre o que ela pode fazer com eles, para que ela possa entrar no mundo da fantasia. Isso é algo que é ativo. Quando ela está diante das telas, ela recebe tudo pronto. Ela só tem que apertar botões”, diz.

Crianças que sabem usar o celular são mais inteligentes?

É comum as pessoas dizerem que crianças que sabem usar o celular são mais inteligentes. Em parte, isso é verdade, mas é importante definir que tipo de inteligência está sendo desenvolvida.

As crianças são muito inteligentes no que diz respeito ao uso desses aparelhos, o que compreende a parte lógica e cognitiva. Por outro lado, Sabrina acredita que as inteligências criativa e organizativa ficam a desejar.

“Uma coisa que eu ouço muito é: ‘nossa, meu filho tem apenas um ano e meio e olha só como ele fica concentrado diante da tela.’ Isso é esperado. Nós também ficamos concentrados diante de vídeos, filmes, séries, porque eles fazem com que a gente se conecte com aquilo. É sempre bom lembrar que há uma indústria por trás dessas redes, dessas produções culturais, e não é novidade que a criança consiga se concentrar”, afirma.

“Entre um professor falando em sala de aula e um desenho animado que muda de imagem a cada três segundos, é muito mais fácil prestar atenção no desenho animado”, completa.


+ Comportamento