Frigorífico de Sertãozinho quer elevar exportações após atuação na China

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 10 de setembro de 2019 às 01:10
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:48
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Empresas da região estão na nova lista das 25 com certificado para comercializar carnes no país asiático

Guilherme Oranges é diretor comercial de um frigorífico em Sertãozinho que atualmente dedica 35% de sua produção de carnes para o exterior, com destaque para países como Rússia, Chile, Arábia Saudita, além da União Europeia.

Mas a projeção é ampliar essa margem para 50% depois que a empresa, entre outras 24 de todo o país, conseguiu uma autorização para comercializar com a China. “É um trabalho que começou em 2014 com o departamento do controle de qualidade preparando todos os documentos para enviar para a China. Os chineses fizeram uma análise da nossa documentação e marcaram uma visita para o Brasil só em 2018. Eles vieram para cá em novembro do ano passado, e só hoje em setembro que saiu a habilitação”, afirma Oranges.

Com as 25 agora listadas pelo governo chinês, 89 plantas industriais do Brasil estão habilitadas. Na região também há frigoríficos de Barretos, Cravinhos, Nuporanga e Jeriquara na lista chinesa.

Maior parceria comercial do agronegócio brasileiro, a China comprou, de janeiro a julho deste ano, US$ 1,75 bilhão em carnes.

O aumento da procura chinesa por proteínas animais vem crescendo desde o final de 2018, quando uma crise de peste suína africana atingiu o país, maior produtor e consumidor de carne de porco do mundo. Com a oferta menor, os chineses estão buscando outras proteínas para suprir a necessidade da população.

Aumento na exportação

Segundo Orange, os 15% que vão incrementar as exportações do frigorífico de Sertãozinho, em um primeiro momento, vão ocupar o espaço até então garantido pelo mercado interno, em função da melhor margem de lucro nos negócios. Atualmente a empresa produz 3 mil toneladas de carne por mês.

Uma nova câmara fria, com temperatura mantida a 20 graus negativos e capacidade de armazenar 1,3 mil toneladas, foi instalada por conta das exportações para a Ásia.

O diretor comercial diz que ainda é cedo para confirmar se haverá reflexos nas contratações, mas não descarta essa expectativa na empresa, atualmente com mil funcionários. “Alguns responsáveis pelo setor de produção já vieram me procurar falando que, para atender as demandas chinesas, o quadro deles é insuficiente”, afirma.

Essa possibilidade, no entanto, é encarada com mais certeza pelo consultor em agronegócios José Carlos de Lima Júnior, principalmente diante de uma expectativa de retomada da economia em 2020.

O alerta, por outro lado, está na disponibilidade de oferta, considerada baixa por ele, principalmente nos cortes bovinos, após restrições enfrentadas pelo setor para exportar produtos há três anos, como reflexo de uma operação da Polícia Federal contra um esquema de liberação de licenças e fiscalização irregular em frigoríficos. “Fez com que o setor entrasse em dificuldade, principalmente para o mercado para que nós estávamos exportando, no caso para a Europa, isso fez com que os investimentos de três anos diminuíssem, o que significa nos dias atuais uma diminuição na oferta do gado que é oferecido ao mercado como um todo.”

Mas isso também tende a ser solucionado com maior volume de investimentos, segundo Lima Júnior. “Com a economia talvez retomando, você passa a ter o empresário investindo um pouco mais nos seus planteis, ou seja, ter uma oferta um pouco maior de gado, o que vai fazer com que o preço caia para o consumidor final aqui no Brasil a partir de 2020 e principalmente poder abastecer o mercado internacional com esses novos mercados que estão aparecendo.”


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