‘Geladeira solidária’ oferece comida de graça a pessoas carentes em Franca

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 2 de junho de 2019 às 21:49
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:35
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Projeto já funciona há um mês na avenida Presidente Brasil, 2050 – geladeira é abastecida com doações

Quem passa por
uma das mais movimentadas avenidas de Franca, se surpreende com uma geladeira
funcionando na calçada. O eletrodoméstico está instalado na Avenida Brasil, 2050, e o objetivo dele é simples: receber alimentos de quem pode doar e
oferecê-los a quem precisa.

Há um mês o
projeto da ‘geladeira solidária’ foi colocado em prática. O empresário e
responsável pela iniciativa na cidade, Rodrigo Aureliano, levou a ideia para
Franca após ver o bom exemplo funcionando em outras cidades do Brasil. “O que mais me comoveu é que eu já passei fome na minha
infância e eu sei o que é passar fome. Aqui é um caminho, um corredor dos
catadores de papelão. São profissionais que trabalham, porém não ganham o
suficiente para comprar alimento ou ter uma vida um pouco digna. Isso me chamou
atenção para trazer a geladeira”, explica Aureliano.

O projeto surtiu efeito em
pouco tempo e diversas pessoas começaram a levar doações à geladeira. Dono de
um restaurante, Lélio Ramos da Silva contribui diariamente disponibilizando
marmitas. “A gente vê as pessoas nesse
sofrimento, às vezes com dificuldade financeira. A gente lida com comida todo
dia, aí vem da espontaneidade de cada um. Dói no coração da gente ver as
pessoas sentindo fome e a gente ter o alimento”, diz.

Para doar, os
alimentos precisam estar embalados. Marmitas, frutas, água potável e sucos são
aceitos. A restrição fica para alimentos vencidos, bebidas alcóolicas, carnes
cruas e ovos. As exigências são necessárias para preservar a saúde e o bem-estar
de quem vai receber as doações.

O feirante José
Reinaldo Tozetti também resolveu ajudar. Ele conta que muitos alimentos
oferecidos na feira não são vendidos e, por isso podem ser reaproveitados.
“Sobrava as coisas e a gente jogava fora, agora, trazendo para cá, não perde.
Hora que vê que daqui dois dias vai perder, eu já trago antes, porque aí o
pessoal já vem e pega”.

Quem mais
precisa de ajuda, agradece as doações. “Ficar pedindo para as pessoas na rua
fica meio constrangedor. Eu mesmo não gosto de ficar parando na casa das pessoas
e pedindo. Então foi uma iniciativa boa do pessoal. Eu venho aqui todos os dias
e pego alimento, graças a Deus”, diz o catador de recicláveis Fábio Antônio de
Oliveira.

O dia a dia de
Isaías da Silva também não é fácil. Ele acorda cedo para recolher materiais
recicláveis nas ruas da cidade e só para à noite. Mesmo depois de um dia
puxado, nem sempre há garantia de uma boa alimentação. “Tem hora que a gente
pede para comer, mas não dá”, diz o catador.

Para o
idealizador da ‘geladeira solidária’, o pagamento e o maior incentivo para
continuar com o projeto são recebidos diariamente. “A gente vê a gratidão das
pessoas vindo aqui pegar. Crianças, pais de família que saem daqui com
contentamento e quando eu vejo isso eu estou recordando de mim”.

Semanalmente o
motoboy Lucas Xavier leva frutas até o local. A dona da empresa que ele presta
serviço faz questão de ajudar. “Hoje em dia a gente está vivendo em uma época
onde as pessoas não olham para as outras. É uma forma indireta de ajudar, você
vem e traz. Quem precisa, vem e pega. É bem bacana”, explica.


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