Inadimplência bate recorde e alerta para planejamento financeiro

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 21 de maio de 2019 às 10:38
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:34
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Especialista do Senac Franca oriente sobre principais cuidados com gastos para manter rotina sem dívidas

Segundo dados da Serasa Experian, o número de
consumidores inadimplentes no Brasil chegou a 63 milhões em março de 2019 e
registrou recorde desde 2016, quando teve início a série histórica.

Isso significa que 40,3% da população adulta do país
está com dívidas atrasadas e negativadas. Na comparação com fevereiro, o
aumento foi de 3,2%, ou seja, dois milhões a mais de pessoas. Esse recorde
impacta, inclusive, no crescimento da economia.

Por faixa etária, ainda segundo a Serasa, a
inadimplência é maior nas pessoas de 36 a 40 anos (48,5%), mas os idosos
(consumidores com mais de 61 anos) apresentaram a maior alta em março de 2019,
na comparação com o mesmo mês do ano anterior.

Para mudar esse cenário, um dos aspectos é ter
planejamento financeiro, com controle total sobre os gastos e as receitas,
conforme orienta José Francisco Ribeiro, docente da área de gestão e negócios
do Senac Franca. “A dica mais valiosa ainda é: gaste menos do que ganha. É
preciso seguir essa regra com afinco. Economize pelo menos 10% da renda mensal
e lembre-se: quanto mais puder economizar, melhor”, destaca o especialista.
“Guardar um tanto do salário é ter a consciência de formar um patrimônio. O
dinheiro que você poupar, ajudará a ganhar ainda mais dinheiro no futuro e
melhorar o padrão de vida.”

José Francisco também é claro em pontuar que é preciso
fugir dos juros. “Cheque especial e crédito rotativo de cartão de crédito nem
pensar. Caso esteja com dívidas nesses tipos de financiamentos, procure
refinanciar com outros agentes financeiros mais baratos, com taxas menores de
juros. Negocie sempre. Seja com bancos, seja com credores. Mostre sua boa
intenção de pagar e a necessidade de diminuir os juros a uma taxa justa e a
mais baixa possível, para que possa honrar seus compromissos.”

Mas, claro, não há uma regra única para todos quando o
assunto é poupar. As pessoas são únicas e possuem desejos e necessidades
diferentes. “Dessa forma, procure fazer uma reserva financeira, tanto para
emergências quanto para aumentar o poder de compra. Quem tem dinheiro em mãos
negocia melhor e evita pagar tarifas, anuidades de cartão de crédito ou taxas
de administração”, diz o docente do Senac.

Inclusive, quando o assunto são compras, o
especialista orienta: não tenha vergonha de pedir informações sobre promoções,
descontos, opções de pagamentos e tudo mais que possa trazer algum ganho financeiro.
“Convido todos a refletir sobre uma questão importante: a longevidade.
Estatísticas mostram que iremos viver até 90 anos, em média. Então pense
financeiramente nesse futuro, que inclui plano de saúde, remédios e diversão,
entre outros gastos. Você está se preparando para uma vida financeira
saudável?”, lembra José Francisco.

 Investimentos: como decidir?

Além de controlar os gastos e planejar a rotina
econômica pessoal ou familiar, outro ponto importante é economizar e investir.

O especialista em finanças ressalta que todo
investidor é um poupador, mas o poupador não é necessariamente um investidor.
“Poupador é quem faz reservas de valores para no futuro adquirir um bem ou
serviço ou atender a uma necessidade, enquanto o investidor, além de reserva
financeira, procura ganhos. Essa compreensão é importante.”

Escolher a melhor aplicação financeira passa sempre
pelas variáveis: tempo, segurança (risco) e rentabilidade. José Francisco diz
que uma aplicação de baixo risco terá baixa rentabilidade, como é o caso da
poupança. “Quer uma rentabilidade melhor? Tem que ousar. Ações, por exemplo,
são de alto risco. Pode render muito, mas existe a possibilidade de perder
capital, inclusive, toda a quantia aplicada. Então, saiba o que está fazendo e,
se for o caso, procure ajuda de um profissional.”

Outro ponto a saber é sobre o período que o dinheiro
ficará aplicado. Quanto maior o tempo, melhor a rentabilidade. Hoje, segundo o
docente do Senac, a aplicação que se apresenta como a mais rentável é a do
Tesouro Direto 2045, com rentabilidade acima de 28% ao ano. “Você aplica o
dinheiro e deixa até o ano de 2045. É muito tempo, e o risco cresce devido às
incertezas da economia ao longo de todos esses anos”, explica o profissional.

Importante: as melhores aplicações para uma pessoa
podem não servir para outra, devido a diversos fatores, como idade, tempo de
resgate e o valor a ser aplicado. “Os mais jovens tendem a correr mais riscos,
por ter uma perspectiva de vida maior e o tempo a seu favor. Em caso de perdas
num investimento, terão tempo para recuperar o valor de alguma forma. Já o
idoso costuma ser sempre mais cauteloso.”

O recomendável, de acordo com José Francisco, é variar
as aplicações entre as diversas opções do mercado e sempre estar muito
bem-informado sobre as taxas de juros e da inflação para tomar as melhores
decisões.


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