Novo passo das companhias aéreas: cobrar pela bagagem de mão

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 26 de agosto de 2018 às 16:14
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:58
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A medida foi anunciada na última sexta-feira, 24 – regra brasileira em vigor até 2022 proíbe a cobrança

Convém ficar atento às inovações da companhia aérea irlandesa
Ryanair, estrela do serviço de baixo custo na Europa. A companhia foi uma das
responsáveis por popularizar a cobrança por bagagens extras — o preço atual é
de 25 libras por uma mala de até 20 quilos.

Nesta sexta-feira, 24 de agosto, a Ryanair anunciou
um passo além na política de viagens de baixo custo. A empresa vai começar a
restringir a bagagem de mão para uma bolsa pequena (como uma bolsa feminina, ou
uma mochila). A medida passa a valer para a partir de primeiro de setembro. Até
então, a empresa permitia bagagens de mão de até 10 quilos. Agora a bagagem de
mão passa a custar seis euros.

A Ryanair anunciou que a mudança visa “reduzir os
atrasos nos embarques”, já que o volume de bagagem de mão tem causado atrasos
nos voos porque os passageiros perdiam tempo tentando acomodar malas nos
compartimentos acima de suas cabeças.

Os passageiros não estão muito satisfeitos, já que
em janeiro a empresa já havia anunciado uma restrição na política de bagagens.
O jornal britânico The Telegraph chegou a publicar nesta sexta-feira uma
reportagem intitulada “Tudo que você precisa saber sobre a controversa nova
regra de bagagens da Ryanair”.

O Telegraph chega a chamar de cínico quem pode
pensar que a nova cobrança não visa dar agilidade, mas sim garantir mais
receita para a empresa. Cerca de 27% do faturamento da Ryanair vem da cobrança
de extras.

A medida é anunciada num momento em que o excesso
de bagagens de mão tem virado uma rotina nos aeroportos Brasil afora. Anúncios
de empresas aéreas exigindo o despacho de 10, 15, 20 bagagens na fila de
embarque é cada dia mais comum. E as estratégias de cobrança de extras, típicas
das empresas “low cost” devem ganhar novo fôlego com a chegada de uma nova
competidora especializada em baixo custo, a Norwegian, que passa a operar no
Brasil em outubro.

Desde setembro do ano passado as quatro maiores
empresas aéreas do Brasil — Avianca, Azul, Gol e Latam — cobram para despachar
a bagagem de seus passageiros. A regra que permite a cobrança foi aprovada pela
Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em dezembro de 2016. Até então, as
empresas eram obrigadas a oferecer gratuidade para bagagens com até 23 quilos.
A resolução também ampliou o peso máximo da bagagem de mão, de 5 para 10
quilos.

A medida, segundo a Anac, não reduziu o preço médio
das passagens nas 10 rotas mais movimentadas do país, como era uma promessa das
empresas aéreas, mas reconhece que ainda é cedo para uma avaliação definitiva.
A Associação Brasileira das Empresas Aéreas justifica que o preço é impactado
por uma série de fatores, como o querosene de aviação, que subiu desde o início
da cobrança de bagagens.

Pela regra em vigor da Anac as
empresas não podem cobrar por bagagem de mão com menos de dez quilos. A agência
previu uma revisão dentro de cinco anos, quando temas como novas restrições a
bagagem de mão podem vir a ser debatidos. Até lá, os passageiros seguem com o
direito de levar consigo suas bagagens — e devem continuar ouvindo os pedidos
das companhias de despachá-las na porta de embarque.


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