De janeiro a agosto,brasileiros investem US$ 4,3 bilhões em criptoativos no exterior

  • Joao Batista Freitas
  • Publicado em 19 de outubro de 2021 às 11:00
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Embora o BC esteja de fato engajado no projeto de uma moeda digital, isso não guarda nenhuma relação com o avanço dos criptoativos

De janeiro a agosto, o volume investido por brasileiros nesses ativos no exterior alcançou quase R$ 27 bilhões

Os recursos alocados por brasileiros em criptoativos no exterior saltaram 145% em 2021, um movimento que tem sido acompanhado de perto pelo Banco Central, mas sem acender qualquer alerta interno.

Apesar de o FMI (Fundo Monetário Internacional) ter chamado a atenção sobre os riscos associados ao aumento desse fluxo em mercados emergentes, a avaliação é que no Brasil o tema não chega a representar uma preocupação.

De janeiro a agosto, o volume investido por brasileiros nesses ativos alcançou US$ 4,3 bilhões, ante US$ 1,7 bilhão em igual período do ano passado e US$ 1,7 bilhão no mesmo intervalo de 2019.

Sozinho, o montante aportado em 2021 representa 36,8% do estoque total já alocado historicamente pelos brasileiros em criptoativos: US$ 11,7 bilhões desde 2016, quando esses números timidamente começaram a sensibilizar as estatísticas do BC.

Expressivo

Embora o diretor de Política Monetária da autarquia, Bruno Serra, tenha reconhecido recentemente que o aumento nos valores foi expressivo, uma fonte do Banco Central disse à Reuters que o acompanhamento pelo órgão regulador se dá mais por curiosidade do que por risco neste momento.

Na semana passada, o FMI fez um alerta sobre o assunto em seu Relatório de Estabilidade Financeira Global, ressaltando que o aumento da comercialização de criptoativos em mercados emergentes pode levar à desestabilização dos fluxos de capital.

O Fundo observou, no documento, que esse movimento pode estar acelerando a dolarização e erodindo a eficácia das restrições cambiais existentes e de medidas de gestão de controle de capital.

Uma segunda fonte do governo, familiarizada com as discussões sobre o tema, apontou que no Brasil não há nenhum grande volume investido em criptoativos, mas “alguma alocação” feita por parte de agentes que apostam na sua valorização.

Moeda digital brasileira

Embora o BC esteja de fato engajado no projeto de uma moeda digital, isso não guarda nenhuma relação com o avanço dos criptoativos, destacou a segunda fonte.

“Isso está muito longe da realidade. No Brasil temos boa parte dos pagamentos já na forma digital. O que as pessoas buscam nos criptoativos é uma possibilidade de investimento de alto risco, mas também com alta probabilidade de retorno”, afirmou a fonte.

A euforia com criptoativos no Brasil tem como pano de fundo uma valorização galopante desses ativos: no ano, o bitcoin – criptoativo mais negociado no mercado – acumula alta de 114% depois de subir 304% em 2020.

Num exercício para estimar a marcação a mercado desses ativos não internalizados, os criptoativos detidos pelos brasileiros somariam quase US$ 50 bilhões, ante US$ 16 bilhões detidos em ações norte-americanas, apontou o diretor.

Controlado

“É um negócio muito grande, chama a atenção dos reguladores no mundo todo, não é só no Brasil”, afirmou ele.

Serra frisou que no Brasil a autoridade monetária conta com “mercado de câmbio muito controlado”, o que lhe dá visão sobre todas essas operações.

“Temos contrato de câmbio para todas as transações, 100% delas a gente consegue mapear. Não é todo BC ou todo regulador que tem esse tipo de informação. Então é algo que está sendo discutido nos fóruns dos bancos centrais”, disse.

(Com informações da Forbes e da agência Reuters)


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