Pouco conhecido, problema genético de colesterol afeta 10 milhões no mundo todo

  • Joao Batista Freitas
  • Publicado em 27 de fevereiro de 2021 às 23:30
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Muita gente com grave risco de complicações cardíacas na adolescência ou na vida adulta jovem nem sabe do problema

Exames de sangue para medição de colesterol e glicose é importante para o diagnósticoFoto: Freepik/Jornal da Franca

Adultos com graves problemas cardíacos, crianças desde pequeninas com colesterol alto e até bebês já com placas de gordura nas artérias.

Geralmente, quem está por trás de casos como estes, até pouco conhecidos, é a Hipercolesterolemia familiar (HF), que nada mais é do que um problema de colesterol de causa genética.

Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, a HF acomete 10 milhões de pessoas no mundo e 300 mil no Brasil. E, para agravar a situação, menos de 10% têm o diagnóstico da doença.

Ou seja, muita gente com grave risco de problemas cardíacos na adolescência ou na vida adulta jovem nem sabe do problema. As informações são do jornal Extra.

“A HF é uma doença que não tem necessariamente a ver com estilo de vida, pode ser agravada por ele, mas é uma herança genética e pode aparecer na infância muito cedo, com dois, três anos”, afirma a endocrinologista Juliana Andrade, do Grupo de Telemedicina Iron.

Segundo a médica, “ela é muito frequente e pouco diagnosticada, seja por desconhecimento ou porque não existe uma rotina estabelecida de solicitação do teste do colesterol”.

Se uma pessoa tem na família algum parente com histórico de morte por infarto precoce (homem com menos de 55 ou mulher com menos de 65), a realização do exame para verificar as dosagens de colesterol deve ser bastante precoce, em torno dos dois anos de idade, porque a partir do resultado já se pode iniciar uma investigação mais profunda.

Nas demais crianças, é importante uma dosagem dos níveis de colesterol nos primeiros 10 anos de vida.

O índice do mau colesterol (LDL) deve estar, em pessoas normais, abaixo de 100. Se for de 100 a 190 é possível tratar com dieta, mas, a partir disso, só o remédio vai conseguir controlar e evitar futuros problemas cardíacos ou AVC.

Os exames são fundamentais porque a HF não tem sintomas. Eles só se tornam evidentes quando o caso já é avançado e aparecem xantomas, pequenos nódulos esponjosos de gordura na pele (especialmente nos tendões), arco corneano (pequena mancha esbranquiçada ao redor da íris do olho) e depósito de gordura no fígado.

Para os pacientes com HF, além do tratamento medicamentoso, escolhas mais saudáveis na alimentação são muito importantes para o controle da doença, assim como atividade física.

“A dieta tem de ser balanceada e variada, é importante diminuir a ingestão total de gorduras e optar pelos alimentos com fibras, além de frutas e legumes”, diz a médica endocrinologista do Sérgio Franco Medicina Diagnóstica, Myrna Campagnoli.

Uma vez diagnosticada a hipercolesterolemia familiar, é importante começar o tratamento.

Embora o medicamento tenha que ser tomado todos os dias e por toda a vida, ele equipara o risco de doença cardíacas ao da população comum, ou seja, as pessoas conseguem níveis normais de colesterol.

“O risco cardiovascular é muito grande. Por isso vale a pena começar a medicação logo para evitar a formação de placas. Não vale a pena postergar o medicamento”, diz a endocrinologista Myrna Campagnoli.

De acordo com a médica, esses remédios têm efeitos colaterais conhecidos, como a dor muscular — que não atinge mais de 2 a 3% dos pacientes.

“A comprovação genética permite que se identifique outros casos na família e que haja um acompanhamento diferenciado. O tratamento medicamentoso é imprescindível e vai ser para sempre”.

Como manter colesterol sob controle

Movimente-se

Faça atividade física regularmente. A indicação da Organização Mundial da Saúde é de fazer pelo menos 150 minutos por semana, o que dá cerca de 30 minutos de atividade física por dia. O exercício físico reduz a gordura geral

Consuma mais fibras

As fibras ajudam a controlar o colesterol pois diminuem a absorção de gorduras pelo organismo, reduzindo o nível de LDL

Evite gorduras

É preciso eliminar do cardápio alimentos que contenham gordura saturada, principalmente os alimentos industrializados, como nuggets, biscoitos recheados e embutidos e doces

Escolha bem as carnes

Prefira carnes brancas e magras, como frango. Prefira preparações assadas e grelhadas, elas são melhores do que fritas

Equilibre o ômega 3 e 6

Os ômega 3 e 6 ajudam na diminuição do colesterol LDL e auxiliam no aumento da queima de gordura corporal. Podem ser encontrados em peixes como salmão, atum e sardinha


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