Variante brasileira do coronavírus já foi identificada em pelo menos dez estados

  • Joao Batista Freitas
  • Publicado em 13 de fevereiro de 2021 às 18:30
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Ministério da Saúde também divulgou informações sobre outras duas variantes encontradas em outros países e que também são alvo atual de preocupação

Dez estados já identificaram casos da variante brasileira do coronavírus, chamada de P.1, informou na sexta-feira (12) o Ministério da Saúde.

Alvo de análises devido à possibilidade de ser mais transmissível, a variante foi identificada em janeiro no Amazonas, onde já responde pela maioria dos casos observados, segundo a Fiocruz.

Agora, dados compilados pelo grupo técnico de vigilância do ministério apontam que ela já foi identificada em outros nove estados. As informações são da repórter Natália Cancian, da Folhapress.

Em três deles, Pará, Roraima e Ceará, a variante foi identificada em casos isolados – alguns deles, inclusive, sem vínculo epidemiológico com o Amazonas.

Em outros seis (Paraíba, Piauí, São Paulo, Espírito Santo, Santa Catarina e Rio de Janeiro), a variante foi observada em casos importados do Amazonas, ou seja, em que houve análise e sequenciamento genômico de amostras de pacientes que estiveram no estado.

A pasta também divulgou informações sobre outras duas variantes encontradas em outros países e que também são alvo atual de preocupação.

É o caso da variante do Reino Unido, já identificada em São Paulo, Distrito Federal e Rio de Janeiro, por meio da análise de casos isolados, segundo a pasta.

Já a variante identificada na África do Sul ainda não tem registro de circulação no Brasil.

Segundo o ministério, as linhagens mais prevalentes do coronavírus ainda são a B.1.1.28 e B.1.1.33, que circulam desde o início da epidemia.

A identificação das variantes de Manaus e do Reino Unido em mais estados, no entanto, reforça a necessidade de medidas de prevenção, diz a pasta.

“O alerta de circulação dessa nova variante à população é relevante para que as pessoas não deixem de lado as medidas preventivas e não farmacológicas de enfrentamento à doença: lavar as mãos com água e sabão, usar máscara, usar álcool em gel e manter o distanciamento social”, afirma.

Atualmente, a chamada vigilância genômica é feita na rede de saúde principalmente por três laboratórios: Fundação Oswaldo Cruz, Instituto Adolfo Lutz e Instituto Evandro Chagas. A cada mês, um número específico de amostras é enviado pelos estados a esses locais.

Além desses, outros laboratórios públicos e privados também fazem essas análises. A falta de recursos e dificuldade em obter insumos, no entanto, dificultam a expansão dessa vigilância, necessária para identificar novas variantes do Sars-CoV-2.

Em nota, o ministério diz que, “desde a primeira informação de possíveis casos de variantes da Covid-19, tem emitido comunicados aos estados orientando a ampliação do sequenciamento de rotina dos vírus SARS-CoV-2, o contínuo fortalecimento das atividades de controle da Covid-19 e a investigação de casos”.

Recentemente, a pasta iniciou um projeto-piloto para analisar 1.200 amostras de coronavírus, na tentativa de ampliar a vigilância.

O trabalho deve envolver quatro laboratórios (Adolfo Lutz, Evandro Chagas e os laboratórios de saúde pública da Bahia e de Minas Gerais).

“Importante salientar que o sequenciamento genético não é um teste para confirmação da doença, sua finalidade é para monitoramento da circulação de uma variante diferente. Não sendo necessário, portanto, que todas as amostras positivas para Covid-19 por RT-PCR sejam encaminhadas para sequenciamento”, aponta a pasta.

Na terça, a OMS (Organização Mundial da Saúde) emitiu um alerta em seu boletim epidemiológico sobre a possível redução da ação de anticorpos neutralizantes, capazes de bloquear a ação do vírus no organismo, pela variante P.1.

De acordo com a organização, “as mutações encontradas na variante P.1 podem reduzir a neutralização por anticorpos; no entanto, estudos adicionais são necessários para avaliar se há mudanças na transmissão, severidade ou ação de anticorpos neutralizantes como resultado dessa nova variante”.

Já foram identificadas, em todo o mundo, dezenas de linhagens distintas do vírus, mas apenas algumas causam preocupação e necessitam de investigação – é o caso das chamadas VOCs (sigla em inglês para variantes de preocupação).

Em geral, as VOCs possuem mutações em regiões chamadas domínio de ligação com o receptor, ou seja, são áreas diretamente associadas à entrada do vírus nas células, notadamente na proteína S do Spike (de espícula, o gancho que o Sars-CoV-2 usa para entrar nas células).


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