Produtores começam a calcular prejuízos após geada em cafezais

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 9 de julho de 2019 às 00:39
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:39
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Plantas ficaram queimadas após o frio intenso do final de semana – reflexos serão sentidos na safra de 2020

Produtores
rurais começaram a calcular os prejuízos causados pela geada durante o final de
semana na região de Franca. As baixas temperaturas congelaram as plantas que
ficaram queimadas. A perda é sentida na colheita e, consequentemente, o café
pode ficar mais caro nas prateleiras, segundo a Cooperativa de Cafeicultores e
Agropecuaristas (Cocapec).

O
superintendente da cooperativa Ricardo Lima de Andrade afirma que ainda é cedo
para precisar qual foi o prejuízo exato deixado pelo fenômeno climático.

De acordo com
ele, as áreas de baixada foram as mais afetadas. “Temos que lembrar que estamos
ainda no período de inverno, o de maior ocorrência das entradas de massa de ar
frio com possíveis efeitos dados a intensidade das geadas. É um pouco cedo para
dimensionar o estrago no parque cafeeiro, por isso o mercado fica extremamente
volátil e preocupado com o tamanho do dano”, diz.

Ricardo explica
ainda que as baixas temperaturas congelam o vegetal, causando a oxidação dele.
“Há um congelamento interno da planta, das folhas ou dos ramos, até mesmo da
parte reprodutiva das futuras flores e isso faz com que haja o dano. Ao
congelar, expande e rompe todos os tecidos, faz com que haja um enegrecimento,
a aparência é de queima realmente”, conta Ricardo.

Luís Clóvis
Gonzaga é produtor de café em Pedregulho. No local há 300 hectares plantados e,
desse total, a estimativa do fazendeiro é que, pelo menos, 20 hectares foram
prejudicados com a geada. “Da pra gente ver que houve a morte de botões
florais, que na verdade vão se converter em frutos que era a esperança que a
gente tinha agora para agosto, setembro. Era a florada que garantiria a safra
do ano seguinte. Está constatado o prejuízo, falta só dimensionar. É muito
triste, a gente fica decepcionado”, diz o fazendeiro.

Funcionários da
plantação tentaram amenizar o prejuízo na lavoura durante o final de semana.
Durante a madrugada, os esforços se concentraram na nebulização da plantação,
para tentar diminuir o ar frio. “São misturas de serragem, diesel e outros
componentes que provocam uma camada de fumaça que tenta melhorar a temperatura
na noite da geada. É uma tendência de a gente lutar contra os efeitos da natureza,
mas nem sempre a gente consegue”, conta Luís.

Em uma outra
fazenda de café na região de Franca, o prejuízo foi concentrado na região da
baixada.

O produtor
rural afirma que a partir de agora o plano é calcular as baixas que o clima
trouxe à lavoura. “Essas intempéries da natureza trazem por si só um prejuízo
de imediato para o cafeeiro, isso é muito notório. O sistema operacional da
fazenda, os agrônomos vão trabalhar para mensurar o que isso realmente vai
trazer de prejuízo para a safra de 2020. Lógico que haverá perdas, isso é
incontestável”, explica Gustavo Leonel.

Como
consequência dessas perdas, o valor final do produto pode ser alterado e pesar
no bolso do consumidor. Por isso, a expectativa é que o reflexo da geada seja o
menor possível. “A geada na Alta Mogiana vai interferir, por ser uma região que
trabalha com cafés especiais, sempre atinge o mercado em cheio. A gente não
sabe qual vai ser a consequência ainda, está muito prematuro estabelecer um
parâmetro, mas com certeza interfere”, pondera Leonel.


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