Óbitos em cartórios apontam 2020 como o ano mais mortal da história de Franca

  • Bernardo Teixeira
  • Publicado em 5 de fevereiro de 2021 às 18:00
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Média anual de crescimento de registros de óbitos passou de 2,1% ao ano para 10,6% em 2020. Mortes em domicílio dispararam e aumentaram 16,5% no município

A pandemia causada pelo novo coronavírus, que atingiu em cheio o Brasil e já causou a morte de quase 230 mil pessoas, transformou 2020 no ano mais mortal da história da cidade de Franca.

Desde o início da série histórica das estatísticas vitais de óbitos do Registro Civil nos municípios, em 2002, nunca morreram tantos moradores do município em um só ano.

Além disso, nunca houve uma variação anual de óbitos tão grande como a ocorrida na comparação entre 2019 e 2020.

Segundo os dados do Portal da Transparência, plataforma administrada pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), os óbitos registrados pelos Cartórios de Franca em 2020 totalizaram 2.835, 10,6% a mais que no ano anterior, superando a média histórica de variação anual de mortes no município que era, até 2019, de 2,1% ao ano.

O número de óbitos registrados em 2020 pode aumentar ainda mais, assim como a variação da média anual, uma vez que os prazos para registros chegam a prever um intervalo de até 15 dias entre o falecimento e o lançamento do registro no Portal da Transparência.

Além disso, alguns Estados brasileiros expandiram o prazo legal para registro de óbito em razão da situação de emergência causada pela Covid-19.

Entre os óbitos causados por doenças cardíacas, muitas vezes relacionadas à Covid-19, a comparação entre 2019 e 2020 aponta um aumento de 33,4%, passando de 482 para 643.

Entre as doenças do coração, o registro que apontou maior crescimento foi o de mortes por Causas Cardiovasculares Inespecíficas, que cresceu 148% entre os anos.

Vale destacar que o aumento dos óbitos em domicílio é uma das explicações para o diagnóstico inespecífico das mortes causadas por doenças do coração.

No estado de São Paulo, as doenças respiratórias cresceram 27,5% no mesmo período comparativo. A Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) registrou aumento de 723%, e as Causas Indeterminadas, 26,7%.

Em relação às doenças cardíacas, a comparação entre os dois anos mostra um crescimento de 6,4%, com a maior alta por Causas Cardiovasculares Inespecíficas, 50%.

Mortes em casa disparam

O receio das pessoas frequentarem hospitais ou mesmo realizarem tratamentos de rotina durante a pandemia, assim como a falta de leitos em momentos críticos da Covid-19 no Brasil, fez com que as mortes por Septicemia e Pneumonia fora de aumentassem para 50% e 12,9%, respectivamente.

Os registros de óbitos, feitos com base nos atestados assinados pelos médicos, apontam que 18 moradores do município morreram de Covid-19 em suas casas, no ano de 2020.

As mortes por Causas Cardíacas fora de hospitais também cresceram em 2020, com registro de aumento de 177,9% na comparação com o ano anterior.

Neste tipo de doença, o maior aumento se deu nas chamadas Causas Cardiovasculares Inespecíficas (655,5%), muito em razão de o falecimento ocorrer sem assistência médica, dificultando a qualificação da doença.

Também cresceram os óbitos em casa por Acidente Vascular Cerebral (AVC), aumento de 133%.

Já em nível estadual, os óbitos em domicílio cresceram 15,3% no mesmo período comparativo, aumentando em 1.600% as mortes por SRAG, 11,6 por Septicemia e 47,9 por Causas Indeterminadas.

De acordo com os atestados médicos, 1.492 paulistas morreram de Covid-19 em suas casas. Os óbitos por Causas Cardíacas fora de hospitais tiveram alta de 22,4% em 2020.

As Causas Cardiovasculares Inespecíficas (118%) e o AVC
(18,6%) aparecem em seguida.

Sobre a Arpen-SP

Fundada em fevereiro de 1994, a Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo (Arpen-SP) representa os 836 Cartórios de Registro Civil do Estado de São Paulo, que atendem a população em todos os 645 municípios do Estado.

Além disso, a associação está presente em outros 169 distritos e subdistritos, realizando os principais atos da vida civil de uma pessoa: o registro de nascimento, casamento e óbito.


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