Novo tratamento contra obesidade: Sem cirurgia e com remédios sem efeitos colaterais

  • Nene Sanches
  • Publicado em 5 de abril de 2023 às 10:00
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Nos primeiros estudos em camundongos, o GEP44 fez com que os animais obesos comessem até 80% menos do que antes

Sim, é possível reduzir drasticamente o peso de pessoas que sofrem com obesidade, sem cirurgias nem remédios fortes. A afirmação é da Sociedade Americana de Química (ACS, na sigla em inglês).

Cientistas descobriram um novo método – ainda em fase de testes – capaz emagrecer tanto quanto uma cirurgia bariátrica, mas usando somente medicamentos sem efeitos colaterais. Essa nova classe de compostos conseguiu reduzir drasticamente o peso e diminuir a glicose no sangue de camundongos, em laboratório.

Os remédios injetáveis também evitam os efeitos colaterais de náusea e vômito que são comuns com os medicamentos atuais para perda de peso e diabetes. Agora, os cientistas relatam que o novo tratamento não apenas reduz a alimentação, mas também aumenta a queima de calorias.

Os experimentos

Os pesquisadores apresentaram seus resultados na reunião de primavera da American Chemical Society (ACS). A ACS Spring 2023 é uma reunião híbrida realizada virtualmente que apresenta novidades científicas.

Os cientistas criaram um peptídeo que ativa dois receptores para PYY, além do GLP-1. A substância foi batizada de GEP44.

Nos primeiros estudos em camundongos, o GEP44 fez com que os animais obesos comessem até 80% menos do que normalmente comiam.

Perda de peso

Após 16 dias, eles haviam perdido 12% do seu peso, três vezes mais do que os ratos que haviam sido tratados com liraglutida. Isso deixou evidente, na avaliação dos pesquisadores, o potencial da substância para reduzir “drasticamente” o peso corporal.

Os autores ainda observaram que, diferentemente dos que receberam a liraglutida, os que tomaram GEP44 não apresentaram sinais de náusea nem vômito.

“Durante muito tempo, não pensávamos que fosse possível separar a redução de peso de náuseas e vômitos, porque eles estão ligados exatamente à mesma parte do cérebro”, diz Robert Doyle, do Seattle Children’s Research Institute, junto com Christian Roth, os dois principais pesquisadores do projeto.

Muita pesquisa ainda

Os pesquisadores afirmam que a perda de peso dos ratos não está associada apenas à diminuição da alimentação, mas a um maior gasto de energia, pelo aumento dos movimentos, da frequência cardíaca ou da temperatura corporal.

Segundo o portal Só Notícia Boa, eles advertem que ainda há muito o que pesquisa, uma vez que o GEP44 tem uma meia vida curta, de apenas uma hora, mas o grupo já trabalhou em uma versão que dura mais tempo no organismo, que poderia ser injetada uma ou duas vezes na semana.

Porém, há um ponto positivo que os ratos tratados com o peptídeo experimental se mantiveram magros mesmo quando já não recebiam mais as injeções. Houve também redução dos níveis de açúcar no sangue.

O próximo passo é testar o GEP44, já patenteado, em primatas.


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