Hábito de roer as unhas afeta até 30% da população mundial; saiba como parar

  • Rosana Ribeiro
  • Publicado em 11 de março de 2024 às 12:30
  • Modificado em 11 de março de 2024 às 12:31
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O que parece ser apenas uma reação à ansiedade, ao estresse ou ao tédio não é inofensivo como se acredita e pode ser prejudicial à saúde.

Hábito de roer unhas começa geralmente na infância – foto Freepik

 

Roer as unhas sem conseguir parar – muita gente tem esse hábito. A maioria começou na infância, passou pela adolescência e chegou na vida adulta sem abandonar a prática.

Isso acontece porque o hábito de roer as unhas, também conhecido como onicofagia, é automático e, muitas vezes, completamente inconsciente.

De acordo com um estudo publicado na revista científica National Library of Medicine, 20% a 30% da população mundial, em todas as faixas etárias, roem as unhas.

A vontade de roer as unhas pode ser causada por vários motivos: insegurança, nervosismo, mas até um filme muito emocionante pode levar a pessoa a morder, roer e beliscar as unhas. Geralmente, é uma reação ao medo, estresse ou tédio.

Para muitas pessoas, roer as unhas é uma forma de lidar com a pressão emocional ou de se distrair em situações desagradáveis.

Raramente o hábito está associado a uma doença mental.

“Não falaria de um distúrbio comportamental se a prática não for muito acentuada e não levar a uma deficiência grave”.

“É uma questão de avaliar a intensidade e a gravidade dos efeitos”, explica Andreas Wahl-Kordon, psiquiatra e diretor da Clínica Especializada de Oberberg. Wahl-Kordon também não considera o hábito de roer unhas como um transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).

Hábito chato com riscos também para a saúde

A situação pode se tornar realmente problemática se as unhas forem roídas até o leito ungueal, o que muitas vezes inflama a matriz e danifica as cutículas. A cutícula pode romper e começar a sangrar.

“Pode ocorrer inflamação e a área pode ter infecções (bacterianas, virais ou fúngicas). Isso é algo muito sério no campo das doenças dermatológicas”, diz Wahl-Kordon.

Além disso, o tecido danificado pode doer e inflamar e as unhas podem se deteriorar.

Os problemas causados pelo mau hábito não param por aí.

A saúde bucal também pode ser afetada, pois as bactérias podem se acumular nas unhas danificadas e nos restos roídos delas, que vão direto para a boca, aumentando os riscos de doenças e infecções gengivais.

Esse pode ser o motivo pelo qual os roedores de unha pegam mais resfriados, contraem mais infecções gastrointestinais e têm erupções cutâneas com mais frequência.

Os dentes também sofrem, pois as bactérias e germes, além de causar mau hálito, podem provocar outros tipos de complicações dentárias.

Mas roer as unhas é mais um hábito ruim do que uma doença, diz Wahl-Kordon, como é o caso do TOC, por exemplo.

“Fenômenos cognitivos tendem a não estar ligados ao hábito de roer as unhas. Ele é frequentemente associado a um estado de tensão, mas não há nenhum processo cognitivo e mental por trás disso”.

Como parar de roer as unhas?

Em crianças, o hábito de roer as unhas geralmente desaparece com o tempo. Para elas, as tinturas e os esmaltes são um método eficaz e comum para fazer com que parem.

Essas tinturas e esmaltes são feitos de compostos químicos como o benzoato de denatônio, que tem um sabor extremamente amargo e inofensivo para a saúde.

Eles não são tóxicos e não são absorvidos pelo corpo. Assim, a criança, para fugir do gosto amargo, evita colocar os dedos na boca.

Para adolescentes, a puberdade e o desejo de ter mãos e unhas bem cuidadas geralmente ajudam a acabar com o mau costume.

Muitos ficam constrangidos com as unhas quebradiças e tentam escondê-las. Afinal de contas, unhas coloridas estão na moda.

Para os adultos que não conseguem parar, o uso de tinturas ou esmaltes também pode ajudar. Ou estratégias para se tornarem conscientes do ato de roer unha: os especialistas aconselham a manter uma espécie de diário.

“A primeira coisa é entender como e quando ocorre o comportamento, e quais são as possíveis situações desencadeadoras”, diz Wahl-Kordon.

Redirecionamento de movimentos automatizados

As pessoas afetadas podem, então, lidar com o hábito de forma mais eficaz usando ações substitutas. Esse é um método promissor para se livrar de tiques incômodos.

Para isso, é preciso desenvolver uma estratégia e segui-la à risca. Por exemplo, se os dedos se moverem em direção à boca, a pessoa deve se condicionar a não colocar a mão na boca e, em vez disso, passar os dedos, por exemplo, na orelha ou o ombro.

Isso redireciona o movimento automático e o guia para um local onde não pode causar nenhum dano. Quanto mais esse movimento de substituição for feito, mais o roedor de unhas vai se acostumar e automatizará seu comportamento.

Dieta balanceada e unhas bem cuidadas

Anos de unhas roídas e mastigadas deixam marcas. Para que elas se recuperem, elas precisam de cuidados intensivos. Aloe vera e óleos essenciais, por exemplo, são conhecidos por acalmar e nutrir a pele e as unhas.

Uma dieta variada também ajuda no crescimento e fortalecimento das unhas. Para que fiquem saudáveis, as unhas precisam de várias vitaminas e minerais.

A vitamina B, a biotina, em particular, pode ajudar o corpo a metabolizar os aminoácidos que formam as proteínas.

A biotina é encontrada em produtos integrais, aveia, amendoim, salmão e gema de ovo, por exemplo. A falta de ferro ou cálcio pode tornar as unhas quebradiças.

O ferro pode ser encontrado em leguminosas e beterraba, por exemplo, e o cálcio é encontrado em produtos lácteos, na soja e amêndoas.

*Informações G1 Saúde


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