Há diferença entre furar e mudar o cálculo do teto de gastos? Economista diz que não

  • Joao Batista Freitas
  • Publicado em 23 de outubro de 2021 às 14:30
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“É um truque semântico, uma mudança que não engana a ninguém, apenas a quem quer enganar a si próprio. Não existe mudança que não fure o teto.”

“É uma mudança que não engana a ninguém, apenas a quem quer enganar a si próprio. Não existe mudança que não fure o teto.”

O governo federal quer mudar o cálculo do teto de gastos para conseguir abrir espaço no Orçamento para ampliar as despesas em 2022, ano eleitoral.

A alteração permitirá acomodar o pagamento de R$ 400 do novo Auxílio Brasil, mais que o dobro do atual programa Bolsa Família.

Em entrevista ao 6 Minutos, Carlos Kawall, diretor da Asa Investimentos e ex-secretário do Tesouro Nacional, disse que não há diferença entre furar e mudar o cálculo do teto de gastos.

“É apenas um truque semântico. É uma mudança que não engana a ninguém, apenas a quem quer enganar a si próprio. Não existe mudança que não fure o teto.”

Segundo ele, o governo de Jair Bolsonaro preferiu aderir à mesma fórmula de aumento do gasto público da gestão Dilma Rousseff, que trouxe consequências desastrosas para a economia.

“O populismo que a gente viu no governo Dilma não gera bem estar econômico. Nesse sentido, estamos voltando à dimilmização no atual governo.”

Tesouro Direto

A questão fiscal também respingou nos títulos do Tesouro Direto. Quando aumenta a aversão a risco do mercado, o governo precisa elevar as taxas oferecidas nesses papéis, já que o investidor passa a exigir um prêmio maior para lhe emprestar dinheiro.

À primeira vista, as taxas aumentadas são um convite para que quem já tinha um dinheirinho parado monte posições.

Porém, em vez de correr atrás da primeira oportunidade, convém entender um pouco melhor o que está acontecendo. E ponderar que o cenário pode se agravar ainda mais.

Dólar

Outro ponto importante. A ameaça de mudar ou furar o teto de gastos mexeu com as projeções para o dólar deste ano.

Até o fim da semana passada, a maioria das instituições e casas de análise estimavam que a moeda americana chegaria ao fim do ano sendo vendida por R$ 5.

Agora, algumas revisões foram feitas elevando a projeção para R$ 5,55. Há quem diga que o dólar pode bater os R$ 6.


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