Covid: com alta de casos, famílias cancelam planos de Natal e ano-novo

  • Bernardo Teixeira
  • Publicado em 29 de novembro de 2020 às 20:10
  • Modificado em 11 de janeiro de 2021 às 09:58
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Para os otimistas, as festas de fim de ano pareciam um ponto de esperança para encerrar este 2020 tão difícil

Como celebrar sem abraços, risadas altas e conversas à mesa? Até semanas atrás, ao menos para os mais otimistas, as festas de fim de ano pareciam um pontinho de esperança para encerrar este 2020 tão difícil. 

Mas não deve ser assim, ao menos não para todos. As taxas da covid-19 estão subindo e têm motivado discussões (pessoais e públicas) sobre cancelamentos e adaptações dos planos para o Natal e ano-novo.

Essa mesma dúvida é compartilhada pelo mundo. Na última semana, Maria Van Kerkhove, porta-voz da Organização Mundial de Saúde (OMS), disse que “em algumas situações, a difícil decisão de não ter uma reunião familiar é a aposta mais segura”. Lideranças nacionais também já se manifestaram sobre o tema. 

Na Alemanha, a chanceler Angela Merkel anunciou que serão permitidas reuniões de até dez pessoas (sem contar crianças) no Natal. 

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, declarou que a celebração pode estar em risco se a alta de casos não for contida, enquanto o premiê italiano, Giuseppe Conte, confirmou que a data terá algumas restrições no País.

“Estamos voltando à aceleração de abril. A probabilidade de dispersão da doença nesse período é muito grande. O risco agora para os grupos mais suscetíveis vai ser muito pior no Natal”, destaca Marcelo Mendes Brandão, pesquisador e professor de Ciências Biológicas da Unicamp. “O deslocamento entre bolhas de segurança será o grande problema das festas de fim de ano.”

O problema também envolve as próprias características de celebração da data. “Natal é todo mundo em casa, com abraço, estoura espumante. Uma pessoa diz: Experimenta aqui, pega o próprio garfo e dá para outra. Não faltam estudos mostrando que uma pessoa pode transmitir para 4, 5, 6 sem máscara em até 1 metro”, comenta. 

“A própria ideia de Natal, de se compartilhar o ambiente, de se compartilhar com pessoas, neste ano está uma coisa estranha, parece que o Natal virou uma coisa errada”, lamenta.

Como reduzir a possibilidade de transmissão na ceia?
O primeiro ponto que precisa estar claro ao se falar da celebração de Natal e de ano-novo na pandemia da covid-19 é que sempre existe um risco de contaminação. O que se pode fazer é minimizá-lo por meio da adoção de protocolos. 

“Não existe nenhuma forma de um evento com várias pessoas que estão convivendo em ambientes diferentes que não tenha nenhum risco”, destaca Marcio Sommer Bittencourt, médico da Clínica de Epidemiologia do Hospital Universitário da USP. “Basta uma pessoa infectada para infectar todas as outras.”

Ele explica que a decisão deve considerar principalmente cinco fatores: espaço, número de pessoas, perfil dos participantes, duração e protocolos de segurança aplicáveis. 

Isto é, deve-se dar prioridade a locais abertos e bem ventilados, grupos pequenos, por tempo reduzido, com distanciamento social e uso de máscara, preferencialmente a cirúrgica ou a N95.

Dentro disso, também se deve calcular os riscos de exposição ao misturar pessoas que estão quarentenadas e as que estão trabalhando fora, que são de núcleos distintos e, principalmente, entre aqueles que são idosos e têm comorbidades.

Na sua conta, o especialista destaca que, idealmente, a ocupação deve ser de até oito pessoas que vivam em até três endereços distintos. 

Na prática, a celebração de menor risco de contágio significaria adotar o distanciamento social e o uso de máscaras durante todo o período sem consumo alimentar.

Na hora da refeição, as pessoas seriam distribuídas em pequenas mesas distintas, reunindo os moradores de um mesmo lugar em cada uma. “E um evento único, só de noite ou só de tarde”, ressalta o médico.

Teste
Outra ação que pode ajudar a reduzir o risco é se submeter ao teste PCR na véspera. “Se for negativo, o risco é menor. Mas nunca é zero”, comenta. 

Em relação ao trajeto, ele recomenda ir de carro e apenas com as pessoas que vivem no mesmo imóvel. “Se não puder (ir de automóvel) e precisar tomar um ônibus ou avião, a primeira opção é repensar.”

As informações são do jornal “O Estado de S. Paulo”.


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