Como a mesma pessoa pode ter sorte de ganhar R$ 162 milhões e azar de perder o prazo

  • Caio Mignone
  • Publicado em 23 de abril de 2021 às 12:30
  • Modificado em 23 de abril de 2021 às 12:30
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Para se alcançar qualquer sucesso é preciso que uma sucessão de eventos ocorra em seu favor, em que um mínimo detalhe diferente pode mudar tudo

Se ferradura realmente é amuleto de sorte, não foi desta vez

O Brasil acompanhou com expectativa a notícia de que a pessoa que ganhou R$ 162 milhões na Mega-Sena da virada não tinha ido buscar o prêmio.

Como o regulamento determina que perde o prêmio quem não vai buscá-lo no prazo de 90 dias, os brasileiros ficaram torcendo para o sortudo aparecer.

Não apareceu e pelas regras perdeu o prêmio.

Aliás, apareceu depois do prazo. E agora vai brigar muito na Justiça para ver se retoma o direito.

Como é que uma pessoa tem a sorte de acertar os seis números da loteria, ganhar uma bolada inimaginável para qualquer mortal e não se dar ao trabalho de conferir os números?

A discussão é: como uma pessoa pode ter sorte e azar num mesmo episódio?

Certamente, o sortudo acordou naquele dia com um palpite, estava com um pé de coelho no bolso, uma figa no outro bolso e um trevo de 4 folhas na orelha.

Depois de ter ganhado o prêmio deve ter trocado todos os amuletos por uma ferradura. Só pode.

Um professor de psicologia da Inglaterra, chamado Richard Wiseman, estudou as mágicas todas para desenvolver o livro Luck Factor (Fator Sorte, em tradução livre).

Richard Wiseman estudou mais de mil pessoas para desenvolver sua pesquisa e traçar uma conclusão.

Richard mostra que, qual for a raiz de tal tendência, existem pessoas que atravessam impressionantes sucessões de ocorridos “azarados” em sua vida.

Isso, no entanto, não é um destino, mas algo que pode ser mudado.

O livro mostra que as pessoas podem mudar sua sorte. Sorte não é algo paranormal na natureza, é algo que nós criamos com nossos pensamentos e comportamentos.

Para entender a ciência da sorte, Richard elaborou uma série de experimentos que o levou a conclusões efetivas com o resultado dos participantes.

Das 1.000 pessoas que participaram da “Escola da Sorte”, como foi chamado o projeto, 80% afirmaram que a sorte havia crescido. Na média, o crescimento sugerido foi de cerca de 40%.

É bom lembrar que o psicólogo não está só: o economista Robert H. Frank, da Universidade de Cornell, aponta para um caminho semelhante.

“Pessoas de sucesso que acham fizeram tudo sozinhas estão provavelmente erradas”.

Ainda, nas palavras dele: “Para se ter sucesso, cada um de uma série de pequenos eventos deve ocorrer”. Lembra exatamente a tal teoria do caos (ou efeito borboleta).

Efeito borboleta

Para se alcançar qualquer tipo de sucesso é preciso que uma sucessão de eventos ocorra em seu favor, em que um mínimo detalhe diferente pode mudar tudo, para o bem ou para o mal.

Ao longo do caminho, os fatos podem parecer imprevisíveis e aleatórios.

E de fato a vida é assim, mas são nossas decisões e a maneira com que nos relacionamos com os acontecimentos que vão determinar nossa sorte ou azar.

Para o sortudo que virou azarado talvez fosse melhor não saber que tinha ganhado a Mega-Sena da Virada. Que os bons fluídos o consolem.


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