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As mudanças no Bolsa Família em estudo pelo governo não repõem o poder de compra dos beneficiários, pois a defasagem chega a 11%
O número de beneficiários do Bolsa Família deve cair em janeiro, na contramão da expectativa de aumento de famílias atendidas em 2021 após o fim do auxílio emergencial.
A cobertura do programa neste mês está prevista para ser a menor desde o início da pandemia: 14,232 milhões de famílias.
No fim de 2020, eram 14,273 milhões. São 41 mil famílias a menos para receber o benefício neste início de ano. As informações são de reportagem de Thiago Resende e de Bernardo Caram, da Folhapress.
O recuo contradiz o discurso do governo ao apresentar o projeto de Orçamento de 2021, quando projetou 15,2 milhões de famílias em situação de pobreza e extrema pobreza recebendo a transferência de renda.
Já são cerca de 1,4 milhão de famílias esperando para entrar no programa.
Essa fila é formada por pessoas que já tiveram o cadastro aprovado pelo Ministério da Cidadania e, portanto, se enquadram nos critérios. Isso, porém, não garante o recebimento do benefício. Falta o governo liberar a ampliação da cobertura.
Segundo o Ministério da Cidadania, o “Bolsa Família, por força legal, só pode atender a um número de famílias que seu orçamento comporta”.
Em janeiro, o benefício médio a ser pago por família também deve cair, em função, principalmente, da composição dos lares – o valor sobe de acordo com a quantidade de filhos ou com a renda.
Antes da crise da Covid-19, o repasse médio por família foi de R$ 201,58, em valor corrigido pela inflação de março a dezembro. Agora, em janeiro de 2021, a transferência de renda deve ser, em média, de R$ 190,57.
O governo de Jair Bolsonaro ainda não deu reajuste ao benefício do programa. O último aumento foi em julho de 2018, na gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB).
Técnicos do governo avaliam mudanças no programa para que, na prática, o valor médio chegue a R$ 200. Isso, porém, não compensa a inflação acumulada desde o último reajuste.
Em julho de 2018, o benefício foi de R$ 188, mas, corrigindo o dado pela inflação, foi o equivalente a R$ 208,35 em valores de hoje.
Portanto, as mudanças no Bolsa Família em estudo pelo governo não repõem o poder de compra dos beneficiários, pois a defasagem chega a 11%.
Além disso, o plano de subir o benefício médio para R$ 200 não é consenso no governo, já que a medida pressionaria ainda mais o orçamento do programa, reduzindo a capacidade de atender a mais famílias na crise do coronavírus.
Se o valor for corrigido, a verba será suficiente para transferir renda a 14,5 milhões de famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza.
Sem reajuste, o repasse mensal de R$ 190, em média, cobriria mais de 15,2 milhões de famílias, como previsto no projeto de Orçamento de 2021.