Casos de ansiedade não tratados podem se tornar problemas de saúde mais graves

  • Nina Ribeiro
  • Publicado em 22 de março de 2023 às 21:00
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Brasil lidera o número de casos de ansiedade no mundo, de acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS)

ansiedade

Brasil lidera o número de casos de ansiedade no mundo – foto Freepik

 

O Brasil lidera o número de casos de ansiedade no mundo, de acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), seguido de países como Paraguai, Noruega, Nova Zelândia e Austrália.

Aproximadamente 9,3% dos brasileiros enfrentam o transtorno de ansiedade patológica.

No entanto, pessoas encontram dificuldades para procurar ajuda especializada pela ideia de que os problemas de origem mental possam ser resolvidos por conta própria.

Além disso, fatores como a falta de acesso a serviços especializados, dificuldade para a realização do diagnóstico e o entendimento de que os transtornos relacionados à mente são secundários contribuem para que pessoas deixem de receber o tratamento adequado.

A depressão e a ansiedade tiveram um aumento de 25% mundialmente durante a pandemia de Covid-19, segundo estimativas da OMS.

Brasil em primeiro lugar no ranking

Especialistas em saúde mental afirmam que o desenvolvimento dos transtornos está associado a causas multifatoriais, incluindo a sensação de incerteza, amplificada pela pandemia, além de questões como o desemprego e ameaças à segurança pública.

“O que você tem no Brasil é um bom sistema de epidemiologia pública de coleta de dados, então os dados são bastante confiáveis, e uma população muito aberta para conversar de problemas emocionais”, diz Márcio Bernik, psiquiatra e coordenador do Programa de Transtornos de Ansiedade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), em comunicado.

O pesquisador avalia que este pode ser o motivo pelo qual o país aparece em primeiro lugar no ranking de países mais ansiosos.

Para ele, começamos a entrar agora na terceira onda de aumento de problemas mentais, em consequência da pandemia.

“Houve um aumento brutal importante de sintomatologia psiquiátrica em geral, especialmente aquelas ligadas a stress, que são os transtornos de ansiedade e depressão, de 2020 para cá”, diz Bernik.

Tratamento da ansiedade

A prevenção ao desenvolvimento da ansiedade inclui a adoção de hábitos que ampliam a qualidade da saúde geral como um todo.

Boa alimentação, exercícios físicos regulares, hábitos de higiene e acesso aos serviços de saúde são algumas das medidas que previnem ou amenizam os transtornos de ansiedade.

O tratamento da ansiedade é feito de maneira multidisciplinar, com a participação de profissionais de diferentes especialidades.

Paralelamente, há o incentivo à escolha por alguma prática de atividade física que seja mais confortável a cada paciente.

Exercícios físicos moderados promovem a liberação de hormônios no organismo associados às sensações de bem-estar e relaxamento.

Medicação

Em casos mais graves, como quadros de pânico ou de transtorno do estresse pós-traumático, por exemplo, podem ser prescritos medicamentos antidepressivos com impactos benéficos sobre a ansiedade.

No entanto, o uso de remédios controlados deve ser feito exclusivamente a partir de recomendação médica, uma vez que um mesmo fármaco pode não ser indicado para pessoas com transtornos semelhantes – veja alguns cuidados aqui.

“Dentro desse contexto, você precisa buscar ajuda, que passa por uma avaliação psiquiátrica, ou pelo menos uma unidade básica de saúde com um médico”.

“O tratamento não é obrigatoriamente um tratamento com medicamentos, você pode optar em muitos casos por uma terapia comportamental cognitiva, um medicamento e, sempre que possível, também psicoterapia”, diz Bernik.

O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza atendimento para pessoas em sofrimento psíquico por meio dos serviços da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS).

Para as especialistas, o cenário é preocupante devido às evidências de ligações entre ansiedade e derrame, insuficiência cardíaca, doença arterial coronariana, doença autoimune e distúrbios neurodegenerativos, como demência.

*Informações CNN e Jornal da USP


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