Black Friday: desconto vai ter, mas não o suficiente para garantir “precinho”

  • Robson Leite
  • Publicado em 30 de outubro de 2021 às 14:30
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Neste ano, uma série de fatores estão pressionando os preços dos produtos mais desejados da Black Friday, como TVs, videogames e smartphones.

O varejo está contando as horas para o início da Black Friday, principal data de vendas do setor. Se fosse seguir o calendário original, a promoção aconteceria no dia 26 de novembro, última sexta-feira do próximo mês.

Mas o comércio brasileiro ampliou há muito tempo a extensão da Black Friday: por aqui, temos o mês, a quinzena e a semana de descontos.

Neste ano, uma série de fatores estão pressionando os preços dos produtos mais desejados da Black Friday, como TVs, videogames e smartphones. Como eles já encareceram muito, o receio é que não haja margem para dar bons descontos aos clientes.

Especialistas ouvidos pelo portal 6 Minutos dizem que vai ter desconto, sim, na Black Friday deste ano. A dúvida é saber se o percentual de redução será suficiente para convencer o consumidor a gastar seu rico dinheirinho.

Vai ser Black Friday de descontinho?

É bem provável. O problema é que os preços já subiram demais. De janeiro a agosto, o videogame acumula uma alta de 61%. No mesmo período, os tablets, que ganharam sobrevida com as aulas remotas, encareceram 59%. E as TVs de tela fina subiram 28%.

Se depender da indústria de eletroeletrônicos, vai ter promoção. “Estamos fazendo esforços para fazer da Black Friday um momento de preço mais acessível ao consumidor, mais que em qualquer outro momento do ano”, diz José Jorge do Nascimento Júnior, presidente da Eletros (Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos).

O que está pressionando os custos do setor?

A lista é imensa. “A pressão é muito alta. O custo de produção subiu, os insumos nacionais e importados estão mais caros”, afirma o presidente da Eletros.

Segundo ele, ainda existe o problema da variação cambial, que encarece toda a cadeia. “E enfrentamos um aumento absurdo do custo do frete marítimo. A gente pagava US$ 1.000 por container e agora estamos pagando US$ 30 mil”.

Com tanta coisa jogando contra, vai ter consumidor para gastar na Black Friday?

Segundo o portal 6 Minutos, a expectativa é que o consumidor saia às compras, mesmo com preços mais altos e com o desemprego em alta.

“A população espera a Black Friday para trocar seus equipamentos. Ou para comprar mais produtos, uma TV a mais para o quarto. E tem as pessoas que esperam para comprar uma lavadora melhor, por exemplo. O consumidor tem a expectativa de encontrar preços menores na Black Friday”, afirma Nascimento Junior.

Com preços tão altos, essa vai ser a Black Friday de outros produtos e serviços?

Os especialistas em varejo trabalham com esse cenário. “Devemos observar a volta do consumo de serviços, impulsionado pelo avanço da vacinação. Já faz algum tempo que a Black Friday vem se transformando em uma data de consumo de outras categorias menos tradicionais”, afirma Eduardo Yamashita, consultoria Gouvea Ecosystem.

Além disso, a inflação de serviços subiu menos que a de bens de consumo. “Eletroeletrônicos, higiene e beleza devem continuar sendo os carros-chefes de vendas. Mas devemos ter uma surpresa com o consumo de serviços, beneficiando esse setor”, diz Yamashita.

Pelas estimativas da Eletros, o setor termina o ano com um crescimento em volume de 5% em relação a 2020 – a projeção inicial era de avanço de 10%.


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