Annita, um dos remédios mais vendidos do país, é testado para coronavírus

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 16 de abril de 2020 às 16:19
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:37
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A FQM, que vende o Annita, desconhece pesquisa do governo, mas começará a testar remédio semelhante

​O laboratório farmacêutico FQM Farmoquímica, que vende o medicamento Annita no Brasil, realiza desde janeiro uma pesquisa para usar o princípio ativo do remédio, a nitazoxanida, no combate ao coronavírus. 

A empresa diz que não tem conhecimento sobre a pesquisa anunciada ontem pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações e não forneceu medicamento ao governo para a realização de testes.

O ministro Marcos Pontes afirmou que um medicamento estava sendo testado pelo governo no combate à doença e que até agora os testes indicavam 94% de eficácia contra o coronavírus. 

Pontes não divulgou o nome do remédio, mas especula-se que se trata do medicamento Annita. 

A revista Exame publicou que a empresa chegou a ser sondada pelo governo federal, mas a conversa não evoluiu. O medicamento é um dos mais vendidos do Brasil.

A FQM realiza uma pesquisa própria sobre o uso do princípio ativo. No estudo, está desenvolvendo um medicamento que usa a nitazoxanida, mas em dose de 600 mg, mais alta do que a encontrada no remédio Annita, com 500 mg. 

A medicação ainda está sendo desenvolvida e não pode ser encontrada no mercado. Ela deverá começar a ser testada em pacientes com covid-19 nos próximos dias.

A meta é testar o medicamento em 50 pacientes internados. Os resultados mais robustos podem aparecer em três semanas. 

O objetivo é testar a medicação em pacientes que estejam internados, mas não em estado grave. 

“Uma das variáveis é verificar se o remédio consegue impedir que o quadro piore e evitar que o paciente não precise da UTI”, afirma Vinicius Blum, gerente executivo da Farmoquímica e responsável pela área médica da companhia.

A nitazoxanida é usada no tratamento de vírus intestinais e protozoários. Segundo Blum, o uso do remédio tem sido considerado seguro.

“No entanto, a covid-19 é uma doença nova. Seria imprudente afirmar que é um tratamento seguro. É preciso confirmar com o estudo”, afirma.

De acordo com o executivo, a nitazoxanida já foi testada com a dosagem estudada pela empresa para casos de H1N1 em seres humanos.

In vitro, a dosagem já inibiu o crescimento de outros vírus como ebola, e o próprio novo coronavírus, em testes feitos em outros países. 

A empresa diz que ainda é cedo para divulgar dados de eficácia do medicamento in vitro.

Após a divulgação do ministro Pontes, a Anvisa incluiu hoje o medicamento na lista de substâncias controladas, tornando mais rígidas as regras para a venda nas farmácias. 

Agora, toda prescrição do medicamento à base de nitazoxanida precisa ser feita em receita especial de duas vias.


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