Alimentação infantil: 80% das crianças brasileiras consomem alimentos impróprios

  • Marcia Souza
  • Publicado em 8 de dezembro de 2021 às 06:00
  • Modificado em 8 de dezembro de 2021 às 06:37
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Apenas 22,2% das crianças brasileiras de 6 a 23 meses são alimentadas preferencialmente com vegetais e frutas

Apenas 22,2% das crianças brasileiras de 6 a 23 meses são alimentadas preferencialmente com vegetais e frutas

Estudo revela que apenas um quinto das crianças brasileiras de seis a 23 meses são alimentadas com vegetais e frutas

Um estudo inédito coordenado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e divulgado pela CNN Brasil mostra que 80% das crianças brasileiras de até cinco anos costumam consumir alimentos ultraprocessados, como biscoitos, farinha e refrigerantes.

O levantamento faz parte do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani). Foram realizadas visitas domiciliares em 123 municípios brasileiros entre fevereiro de 2019 e março de 2020, totalizando 14.558 crianças menores de cinco anos.

Segundo a pesquisa, o consumo dos alimentos ultraprocessados também faz parte da rotina de bebês menores de dois anos, grupo que menos ingere frutas e hortaliças no Brasil, alimentos que deveriam compor a base da alimentação infantil.

O estudo mostra que apenas 22,2% das crianças brasileiras de 6 a 23 meses são alimentadas preferencialmente com vegetais e frutas, em detrimento de produtos industrializados.

Opinião profissional

À CNN, o cardiologista e coordenador da UTI da Beneficência Portuguesa, André Gasparoto, explicou o motivo desses alimentos serem nocivos à saúde das crianças.

“A ingestão de alimentação rica em gorduras e açúcares desde a infância está intimamente ligada à obesidade infantil, surgimento de hipertensão arterial, diabetes e aumento do risco cardiovascular precoce, além de outras complicações. Vários países e alguns estados no Brasil estão se empenhando para reduzir a alimentação inadequada, o que é muito válido. A obesidade infantil duplicou nos últimos 10 anos no Brasil”, destaca André Gasparoto.

O pesquisador do Instituto de Nutrição Josué de Castro da UFRJ, Gilberto Kac, aponta a falta de conhecimento sobre as propriedades dos alimentos como um dos motivos para os responsáveis alimentarem os filhos com esses produtos. Outro fator que ele destaca é a desigualdade social.

“Os resultados do ENANI mostram que, em geral, a alimentação das crianças brasileiras está distante das recomendações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS). As prevalências dos indicadores estudados apontam as grandes desigualdades sociais do Brasil. Esperamos que os novos resultados possam ajudar a planejar estratégias de promoção da alimentação saudável, bem como o monitoramento da evolução desses indicadores ao longo do tempo”, finalizou Gilberto Kac.


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