Fake News ameaçam vacinação no Brasil e ressuscitam doenças

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 30 de julho de 2018 às 17:23
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:54
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Notícias falsas não trazem risco só para as eleições – boatos sobre vacinas atingem as redes sociais

“A vacina é mortal.” “Essas doses já
mataram milhares.” “Não vacine seus filhos. É um risco.” Frases como essas são
amplamente compartilhadas nas redes sociais e aplicativos de mensagens como o
WhatsApp.

Ataques à vacina têm se tornado
problema de saúde pública e preocupado especialistas. Nas redes sociais, é
possível localizar grupos que somam quase 15 mil pessoas nos quais grassam as
fake news, as notícias falsas. Comumente, são informações infundadas,
mentirosas e apelativas. Para combater os baixos níveis de cobertura, o
Ministério da Saúde estuda ampliar o Programa Saúde na Escola, fortalecendo a
vacinação nas escolas.

Na última semana, as Sociedades Brasileiras de
Pediatria (SBP), de Imunizações (SBIm) e Infectologia (SBI), em parceria com o
Rotary Internacional sob o apoio do Programa Nacional de Imunizações (PNI),
assinaram conjuntamente um manifesto que alerta para o risco de reintrodução da
poliomielite e do sarampo no Brasil. “Diante do quadro atual, há necessidade da
união de esforços de todos para a manutenção do país livre dessas doenças. As
coberturas vacinais ainda são heterogêneas no Brasil, podendo levar à formação
de bolsões de pessoas não vacinadas”, destaca o documento.

Atualmente, o Calendário Nacional de Vacinação do
Ministério da Saúde contempla 19 vacinas, que são oferecidas pelo Sistema Único
de Saúde (SUS) a toda a população. A Organização Mundial da Saúde (OMS) é
categórica: a vacinação é a segunda maior conquista da saúde pública. Fica
atrás somente do consumo de água potável. No entanto, o sucesso das ações de
imunização — que teve como resultado a eliminação da poliomielite, do sarampo,
da rubéola e da síndrome da rubéola congênita — têm causado em parte da
população e — até mesmo em alguns profissionais de saúde — a falsa sensação de
que não há mais necessidade de se vacinar. Um erro.

O Ministério da Saúde garante que faz
sua parte. O órgão estuda fortalecer a parceria com o Ministério da Educação
para ampliar o Programa Saúde na Escola, que realiza o fortalecimento das ações
de promoção, prevenção e atenção à saúde. A ideia é incrementar as ações de
vacinação nas salas de aula. “Atuamos fortemente na disseminação de informações
sobre vacinação em nossos meios de comunicação, seja por campanhas
publicitárias, por meio de entrevistas de especialistas”, adianta, em nota, sem
revelar os detalhes.

Insuficiência

De nove vacinas prioritárias do
calendário infantil, nenhuma atingiu a meta de 95% de imunização no ano
passado. A maior parte delas ficou, em média, na casa dos 70%. As vacinas que
protegem contra o sarampo tiveram queda. A tríplice viral passou de 96% de
cobertura da população em 2015, para 83,87% no ano passado. A tetra viral saiu
de 77,37% para 70,6% no mesmo período. O mesmo aconteceu com a tetra viral,
poliomielite, BCG, Rotavírus humano, Meningocócica C, Pentavalente e
Pneumocócica.

Para melhorar os índices, uma campanha
nacional de vacinação será realizada entre 06 e 31 de agosto. Em 18 de agosto,
um sábado, postos de saúde em todo o Brasil estarão abertos para imunizar quem
não recebeu doses da vacina. A apresentadora Xuxa Meneghel será madrinha da
campanha. “Esse papo de ‘não precisa vacinar’ não’ é mentira. Quem está falando
isso é mentiroso. Tem que vacinar, sim. Se você ama o seu baixinho, se você ama
a sua baixinha, vamos vacinar”, reforça a apresentadora no vídeo institucional
que ainda será lançado.


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