Brasileiro desconhece graves consequências do diabetes, mostra pesquisa

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 23 de julho de 2018 às 02:01
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:53
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Diabetes está associado à principal causa de morte em todo o mundo e à quinta em maior incidência no país

O Brasil é a quarta
nação com o maior número de diabéticos no mundo, doença que afeta 14 milhões de
pessoas no país, de acordo com a International Diabetes Federation
(IDF). Entretanto, segundo pesquisa inédita realizada pela Abril
Inteligência com o apoio da AstraZeneca, apenas 1 em cada 4 brasileiros
reconhece o diabetes como uma doença grave.

O levantamento apresentado indica
que grande parte das pessoas não compreende as consequências de não tratar
o diabetes adequadamente. Isso acontece porque há muita falta de conhecimento sobre
a doença – inclusive entre os próprios diabéticos. Quando está comprovado
que a doença está associada à principal causa de morte em todo o mundo e à
quinta em maior incidência no país – as doenças cardiovasculares – esse quadro
de desconhecimento fica ainda mais grave.

Essa falta de
informação preocupa ainda mais quando junta-se ao fato de que cerca de 40
milhões de brasileiros estão pré-diabéticos, e desse número, aproximadamente
25% devem ser desenvolver a doença nos próximos cinco anos, segundo a
Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). “É comprovado que o tempo dispendido
entre o diagnóstico e o início do tratamento terá relação direta com uma melhor
ou pior qualidade de vida do paciente diabético”, afirma Carlos Eduardo
Barra Couri, endocrinologista pesquisador da USP e médico responsável pela
pesquisa.

O que não sabemos

Segundo a pesquisa,
37% dos entrevistados com diabetes convivem com a doença há mais de 10 anos; no
entanto, 31% deles acreditam que uma vez que doença é diagnosticada não é
mais possível consumir açúcar, o que não é verdade. Surpreendentemente, o
número foi menor entre os não diabéticos, que representaram 26% dos que acreditam
nesse mito.

Outro ponto que o brasileiro não sabe sobre o
diabetes é que suas consequências incluem doenças cardiovasculares, condição
que pode levar à morte: apenas 47% dos diabéticos acreditam que a doença pode
causar problemas do coração e 43% acreditam que pode ser causa de
acidente vascular cerebral; entre os não diabéticos o número cai para 30% e
27%, respectivamente. Dados revelam que a população relaciona o diabetes
principalmente a problemas de visão e amputação. Além disso, grande parte
dos entrevistados afirmaram que doenças como câncer, AIDS e Alzheimer são mais
graves que o diabetes.

Outro desconhecimento
está relacionado às causas da doença: entre os entrevistados que têm a doença,
50% acreditam que ela é hereditária – o que não é sempre o caso -,
enquanto 35% associa o diabetes ao estresse. Para especialistas, essa
falta de conhecimento sobre os riscos da doença pode ser prejudicial para o
diagnóstico precoce e tratamento, afetando a qualidade de vida do paciente,
além de permitir que complicações futuras possam ocorrer.

Controle do diabetes

De acordo com o
levantamento, quase metade (46%) dos diabéticos não realizam check-ups regularmente para acompanhar a
doença. A pesquisa também mostrou que existem diabéticos que não realizam o
exame da curva glicêmica, teste que mede a tolerância à glicose; entre os
entrevistados, 56% afirmaram já ter feito. Já o exame de hemoglobina glicada,
responsável por analisar a média glicêmica do paciente, foi realizado com mais
frequência entre os participantes (91%).

A alimentação também é uma preocupação: embora
a pesquisa tenha revelado que o brasileiro compreende que hábitos saudáveis são
fundamentais para o controle da doença, apenas 58% dos diabéticos
afirmam manter uma alimentação balanceada; 35% deles ainda dizem que a
restrição alimentar é o que mais incomoda no tratamento.

Quando o assunto é atividade física, outro fator
importante no monitoramento do diabetes, o número cai pela metade: apenas
23% fazem exercícios de três a quatro vezes por semana.

Entre os hábitos saudáveis mais importantes para a
doença, os participantes não diabéticos acreditam que a manutenção de peso
adequado (67%), atividade física regular (69%) e boa alimentação (79%) podem
ajudar a evitar a doença.

Memória metabólica

A memória metabólica
é causada pelo diagnóstico tardio do diabetes tipo 2, podendo causar problemas
cardíacos. Como o tipo 2 é assintomático, muitas vezes quando o indivíduo é
diagnosticado, os níveis de açúcar no sangue já estão muito elevados e
esse excesso na fase inicial da doença pode marcar a memória das células.

Esse problema afeta especialmente as células
relacionadas às agressões crônicas da hiperglicemia, trazendo problemas para os
rins, coração e retina. Isso ocorre porque a memória fica comprometida já que
as células retêm essa ‘lembrança’ dos altos níveis de açúcar.

Segundo especialistas, quanto mais rápido o controle
glicêmico for feito, menores são as chances de complicações. Além disso, se o
paciente consegue atingir a meta glicêmica ideal pouco depois do diagnóstico, é
possível evitar a memória metabólica e seus riscos.

Entenda mais sobre o diabetes

Diabetes tipo 1

Segundo a SBD, o diabetes tipo 1
ocorre quando o sistema imunológico ataca as células betas, responsáveis pela
produção de insulina – hormônio que controla o níveis de glicose -, reduzindo
ou impedindo sua liberação para o corpo. Quando isso acontece, a glicose
fica no sangue, em vez de ser usada como energia. O Tipo 1 aparece
geralmente na infância ou adolescência, mas há casos em adultos. Cerca de 5% a
10% das pessoas com diabetes têm o tipo 1. Essa variedade é tratada com
insulina, medicamentos, planejamento alimentar e atividades físicas, para
ajudar a controlar o nível de glicose no sangue. 

Diabetes tipo 2

Já o Tipo 2 acontece quando
o organismo não consegue usar adequadamente a insulina que produz ou não
produz o suficiente para controla a taxa de glicemia. O diabetes tipo
2 se caracteriza principalmente pela resistência à insulina, e está
diretamente relacionado com a obesidade, por isso, a manutenção do peso (ou
emagrecimento) reduzem o risco de desenvolver a doença.

Ele se manifesta mais frequentemente
em adultos, mas crianças também podem apresentar: cerca de 90% das pessoas com
diabetes têm o tipo 2. O tratamento varia conforme a gravidade: menos
graves podem ser controlados com atividade física e planejamento alimentar. Em
outros casos, exige o uso de insulina ou outros medicamentos para controlar a
glicose.


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