Risco de cegueira – casos têm aumentado no Brasil nos últimos 10 anos

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 2 de julho de 2018 às 01:46
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:50
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Número de brasileiros com catarata aumentou mais do que o dobro das cirurgias oferecidas pelo SUS

Quem já dirigiu sob neblina sabe bem como é
desagradável enxergar tudo embaçado. É o que acontece na catarata, doença que
torna opaca a lente natural de nosso olho, o cristalino, que fica atrás da
parte colorida, a íris.

De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto
do Instituto Penido Burnier, a catarata é a maior causa de cegueira tratável no
mundo e está relacionada na maior parte dos casos ao envelhecimento. Por isso,
não tem como escapar. Depois dos 60 anos um dia todos nós vamos ter.

Pior: Nunca a população envelheceu tão rápido, o
número de brasileiros que dependem do SUS está em ascensão e o atendimento
público em declínio. Para se ter ideia, o número de brasileiros acima de 60
anos cresceu cerca de 160% entre 2008 e 2017. Passou de 11,5 milhões para mais
de 30 milhões segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

No mesmo período, as cirurgias feitas pelo SUS que
responde por 65% dos procedimentos no país, teve um acréscimo de 72%. Saltou de
286 mil para 482 mil cirurgias conforme relatório do DATASUS, ficando,
portanto, bem abaixo da demanda.

Como adiar a progressão

Queiroz Neto afirma
que o envelhecimento causa a degeneração das proteínas do cristalino, mas
outros fatores também influenciam, alguns controláveis, outros não.

Uma pesquisa
realizada pelo médico com 814 pacientes revela que 9% dos participantes usavam
corticoide continuamente para tratar doenças crônicas.

O especialista diz
que o medicamento antecipa a catarata além de aumentar o risco de contrair
glaucoma. “Hoje a medicina está equipada para diagnosticar um número muito
maior de doenças. Além do corticoide, alguns medicamentos para emagrecer,
ansiolíticos, antidepressivos também podem contribuem com o desenvolvimento da
catarata”, afirma. Por isso, quem faz tratamentos contínuos deve passar por
consulta oftalmológica anualmente e até em períodos menores caso sinta a visão
alterada”, afirma. Outras variáveis que podem antecipar a doença são o consumo
excessivo de sal, a alta miopia, diabetes e hipertensão arterial, salienta.

No mesmo estudo, a
falta de sono que acelera a oxidação de todas as nossas células, inclusive do
cristalino, foi apontada por 31% dos participantes. “Dormir pouco acelera o
envelhecimento e, portanto, formação da catarata. O ideal é dormir de 6 a 8
horas/dia” recomenda. Outros 55% não protegem os olhos do sol com lentes que
filtrem 100% da radiação UV (ultravioleta) O oftalmologista destaca que a falta
de proteção UV aumenta em até 60% o risco de contrair catarata. “O filtro nos
olhos deve ser usado durante o ano todo, inclusive no inverno” destaca.

Outra dica do
oftalmologista é incluir na alimentação vegetais verde escuro e gema de ovo,
ricos em luteína e zeaxantina, mais as frutas cítricas que contêm vitamina para
que protege o cristalino do efeito oxidativo do envelhecimento.

Sintomas

Além da visão
embaçada, Queiroz Neto observa que a catarata aumenta a fotofobia a ponto dos
faróis contra causarem perda temporária da visão e inviabilizarem a direção
noturna. Outros sinais da doença elencados pelo médico são:

Perda da visão de
contraste; alteração frequente da prescrição dos óculos; enxergar halos ao
redor da luz; necessidade de mais iluminação para ler; cirurgia;

O oftalmologista
explica que a cirurgia de catarata é um procedimento ambulatorial feito com
anestesia local. Consiste em retirar o cristalino com aplicação de ultrassom.
fazer uma incisão na córnea e implantar uma lente intraocular que hoje pode
eliminar definitivamente o uso de óculos, inclusive em quem tem astigmatismo.

O procedimento pode
também ser feito com femtosegundo, laser ultrarrápido que realiza os cortes com
absoluta precisão. Um dos pioneiros em cirurgia de catarata a laser no Brasil,
Queiroz Neto afirma que as vantagens da técnica são a maior precisão dos cortes
e a menor exposição da córnea ao calor do ultrassom que provoca a morte de
células da córnea que são irrecuperáveis.

Independente da
técnica, pontua, a recuperação é rápida e exige o uso correto de colírios após
a cirurgia.


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