Estudo aponta que falta apoio às mulheres com câncer no local de trabalho

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 23 de maio de 2018 às 01:27
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:45
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Segundo levantamento, 78% das pacientes disseram que após diagnóstico da doença, faltou apoio no trabalho

Pesquisa divulgada
na última terça-feira, 22 de maio. aponta que falta suporte no ambiente de
trabalho para as mulheres com câncer de mama. Segundo o levantamento, 78% das
pacientes relataram que, após receberem o diagnóstico da doença, faltou apoio
da empresa onde trabalham. Quase metade das mulheres entrevistadas (49%) disse
que precisou abandonar o trabalho após o diagnóstico de câncer. Essa
porcentagem sobe e atinge 58% na faixa etária entre os 36 anos e 45 anos.

A pesquisa Câncer
de Mama Metastático: a voz das pacientes e da família
, foi
realizada pelo Instituto Provokers em nove capitais do país: São Paulo, Rio de
Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza, Belém, Curitiba e Porto
Alegre. Foram ouvidos 170 pacientes e 240 familiares.

De acordo com as
participantes, quando existe algum tipo de suporte na empresa onde trabalham,
na maioria das vezes está relacionado a uma flexibilização de horário ou
permissão para se ausentar quando necessário.

Quando questionadas sobre a atividade que faziam antes de
receberem o diagnóstico e que mais sentem falta, 48% mencionou justamente o
trabalho. Nenhuma das entrevistadas citou a existência de qualquer tipo de
suporte específico para o tratamento oncológico em seus empregos.

As pacientes apontaram ainda dificuldades para manter a renda
familiar que tinham antes do diagnóstico. Segundo a pesquisa, as dificuldades
para manter a rotina de trabalho e os gastos associados ao tratamento reduzem
em 38% a renda das pacientes usuárias do sistema público e em 15% para aquelas
que se tratam por meio da rede privada. Como consequência disso, mais de um
terço das mulheres ouvidas (36%) pela pesquisa afirma que usa suas próprias
economias para custear o tratamento.

Família

A pesquisa mostra também que a percepção de sofrimento diante do
diagnóstico de câncer de mama é maior entre os familiares do que pela própria
paciente.

Segundo o estudo,
88% dos familiares dizem que experimentaram muito sofrimento ao receber o diagnóstico
de tumor em alguém da família, enquanto isso ocorreu com 72% das pacientes.

Mesmo fragilizada, a família ainda é a maior fonte de apoio para
as pacientes. Para quase um terço das entrevistadas (29%), o companheiro é a
principal fonte de apoio, seguida pelos filhos (28%), irmãos (14%), amigos (4%)
e ex-marido (1%). “Quando a família se vê diante de uma doença como essa, é
claro que todas as atenções se voltam para a paciente. Mas é preciso olhar com
mais atenção para o familiar, para essas pessoas que, embora profundamente
abaladas com a descoberta de uma doença tão grave em alguém que amam, tentam se
manter firmes para fornecer o apoio que esperam delas naquele momento”, explica
Paula Kioroglo, psicóloga do Hospital Sírio-Libanês e psico-oncologista pela
Sociedade Brasileira de Psico-Oncologia.

Para 71%, a família
ficou mais unida após a descoberta da doença, visão que é compartilhada por 75%
dos familiares. “Muitos questionamentos passam pela cabeça da mulher que recebe
um diagnóstico de câncer de mama avançado. Como contar para os filhos? Será que
o companheiro estará ao lado dela durante todo o tratamento? E o trabalho, será
necessário abandonar a profissão? Todas essas dúvidas reforçam a importância do
apoio e do acolhimento a essa paciente, de modo que ela se sinta fortalecida
para atravessar esse momento da melhor forma possível”, disse Luciana Holtz,
presidente do Instituto Oncoguia.

Para 91% das entrevistadas,
o diagnóstico da doença trouxe também mudanças negativas como o abandono do
trabalho e as dificuldades para cuidar da casa e de realizar afazeres
domésticos. Pouco mais da metade dos familiares entrevistados (51%) disse que
foi preciso realizar uma adaptação nos horários para auxiliar no tratamento.
Metade disse ainda que precisou abandonar atividades como viajar com a família
(50%) e sair aos finais de semana (45%) durante a fase de tratamento.


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