Covid-19, principalmente no começo da infecção, facilmente se confunde com resfriado

  • Cláudia Canelli
  • Publicado em 7 de setembro de 2021 às 08:00
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Alta de casos no Brasil faz médicos aumentarem a testagem de pacientes com coriza, ardência na garganta e dor de cabeça

O nariz escorre, a cabeça dói, a garganta arranha: será que é Covid, resfriado, gripe, alergia ou sinusite?

A dúvida logo preocupa quem identifica em si ou em uma pessoa próxima esses sintomas. E não é para menos, alertam médicos.

O coronavírus, principalmente no começo da infecção, facilmente se confunde com esses problemas já bem conhecidos pela população e, com a chegada da variante Delta ao Brasil, a indefinição tende a ser ainda maior.

A cepa, identificada inicialmente na Índia e hoje espalhada por todos os continentes, mudou o perfil dos sintomas de parte dos pacientes, como relatam profissionais do Reino Unido e dos Estados Unidos, entre outros locais.

Proporções

Às observações deles se somam as de médicos do Brasil, onde a proporção de casos provocados pela Delta tem crescido nos levantamentos. Veja notícia do Jornal da Franca sobre os sintomas parecidos.

Se, em junho, ela estava em 2,3% dos casos no país, em julho, já havia passado para 21,5%, segundo dados da Rede Genômica Fiocruz, segundo dados de uma notícia publicada pela revista Exame.

O avanço dessa linhagem do vírus, que demonstra ser mais transmissível, é notado especialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Em ambos os estados, a maior parte das amostras sequenciadas geneticamente ainda é da variante Gama (também chamada de P1 ou “de Manaus”), mas a fatia da Delta está aumentando nas últimas semanas.

Sintomas

A mudança no perfil dos sintomas do início da doença segue o que foi observado antes na linha de frente de países em que a Delta gerou uma explosão de casos.

Por isso, ela tem sido interpretada aqui como um efeito prático da entrada da variante no Brasil, ainda que não haja estudos abrangentes classificando esses sintomas e que não seja possível avaliar com que cepa cada paciente está.

No país, a identificação só ocorre por amostragem, para acompanhamento da vigilância sanitária.

Dificuldade para respirar, queda na saturação de oxigênio e quadros de trombose, entre outros problemas graves, continuam sendo vistos nas pessoas com maior comprometimento.

Protocolos

Na prática, ter sintomas mais parecidos com os de gripe ou resfriado no começo da doença não impõe um desafio ao tratamento da Covid, que continua o mesmo, afirmam os médicos, mas reforça a necessidade de certos protocolos.

Nas últimas semanas, de meados de julho para cá, tem sido comum que os pacientes até se surpreendam com o pedido para fazer teste de Covid e, na sequência, mais ainda, quando se deparam com um resultado positivo.

Um médico otorrinolaringologista conta que os pacientes chegam no consultório dizendo que estão só com uma sinusite ou com um resfriado.

Diagnosticado positivo, o paciente quer repetir o teste porque não acredita no resultado.

“Ficou na percepção de muita gente que, para estar com Covid, tem que perder o olfato, o paladar, ter tosse e falta de ar”, conclui o médico.


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