Situação pode ficar ainda mais complicada se não chover logo, prevê a Climatempo

  • Robson Leite
  • Publicado em 6 de setembro de 2021 às 19:00
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Lagos, rios e pequenos córregos da região Sudeste usados na irrigação secaram, e a economia dos municípios enfrenta forte declínio.

Não é apenas o problema do calor, mas a falta de chuvas que torna a situação ainda mais complicada

O Brasil é um dos países mais privilegiados em quantidade de água disponível, mas está passando pela pior seca dos últimos 91 anos.

A gestão inadequada dos recursos hídricos, com altas taxas de desperdícios e vazamentos, somada a uma percepção errada do risco de estiagens severas, trouxe o país a uma situação trágica de escassez.

A primeira consequência da estiagem foi o aumento nos preços da comida.

A seca também diminuiu a capacidade de geração hidrelétrica, levando ao aumento do uso de termelétricas – que encarecem a conta de luz, contribuem para o aquecimento global e também consomem muita água em processos de resfriamento, agravando ainda mais a crise hídrica localmente.

Mesmo com o aumento no uso dessas usinas poluentes e caras, faltará energia a partir de outubro, segundo o Operador Nacional do Sistema, que recomendou aumento ainda maior no uso de termelétricas e importação de energia.

Impactos do aquecimento global no setor elétrico

Com o calor já instalado, a atenção está se voltando para o impacto nas torneiras.

Diversas regiões do país já enfrentam problemas de abastecimento, o que pode se agravar com a aproximação do verão.

Sob a influência do fenômeno La Niña, que reduz a chuva no centro-sul durante a primavera, a tendência é que a situação do país piore nos próximos meses.

Não é de hoje que o Brasil está secando

Segundo um estudo divulgado em agosto pelo Mapbiomas, o país perdeu cerca de 15% de sua água desde a década de 1990.

Esse volume corresponde, por exemplo, ao dobro de toda a água doce disponível no Nordeste.

De acordo com o recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), a estimativa mais otimista para o Brasil já prevê o agravamento das estiagens ao longo deste século.

Região Sudeste

Desde o dia 2/9, a cidade de Franca faz rodízio de abastecimento.

A cidade de Salto, desde 7 de julho, só oferece 12 horas de água por dia aos moradores.

Planos de racionamento já estão em curso em outras cidades paulistas.

Em Bauru, 90 mil pessoas abastecidas pelo rio Batalha ficam sem água em dias alternados, enquanto São José do Rio Preto faz rodízio de 13 a 20 horas.

Mais complicado

Em Itu, quem desperdiça água pode ser multado, e as autoridades locais admitem que a situação possa ficar ainda mais complicada se não chover o previsto para o mês de outubro.

Na cidade de São Paulo, moradores de Cidade Tiradentes, na zona leste, já reclamam da falta e da qualidade da água que sai das torneiras.

No conjunto das represas, o volume de água para a Região Metropolitana de São Paulo é 20% menor do que o registrado em 2013, ano anterior à última crise hídrica.

Reservatórios da Grande São Paulo estão em alerta

No Rio De Janeiro, os principais reservatórios do estado estão chegando ao limite: o de Paraibuna está em 27% da capacidade; Santa Branca 19%; Jaguari 29%; e o do Funil 38%..

Em Mariana (MG), o nível das captações está baixo e o consumo aumentando devido ao calor e à baixa umidade relativa do ar.

Não chove há mais de 70 dias, e o abastecimento de água já está comprometido no município e cidades do entorno.

Furnas e Peixoto

A seca no Sul de Minas já afeta profundamente o turismo, sobretudo na região de Furnas e Peixoto

No triângulo mineiro, é a produção de alimentos que segue severamente impactada.

Lagos e pequenos córregos da região usados na irrigação secaram, e a economia dos municípios enfrenta forte declínio.

Prejuízos

O rio Paraná está tão seco que a navegação na hidrovia Tietê-Paraná está suspensa desde abril. Segundo o Sindicato dos Despachantes Aduaneiros, os prejuízos devem chegar a R﹩ 3 bilhões, afetando principalmente a produção agrícola.

Sobre a Climatempo

A Climatempo foi a primeira empresa privada a oferecer análises customizadas para diversos setores do mercado, boletins informativos para meios de comunicação, canal 24 horas nas principais operadoras de TV por assinatura e posicionamento digital consolidado com website e aplicativos, que juntos somam 20 milhões de usuários mensais.


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