Sem evidência comprovada para insônia, melatonina terá venda livre nas farmácias

  • Cláudia Canelli
  • Publicado em 29 de novembro de 2021 às 09:00
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Há evidências positivas sobre o uso suplementar da melatonina em pessoas mais velhas com alterações do sono, com deficiência do hormônio

A Anvisa diz que o suplemento é destinado a pessoas maiores de 19 anos e não deve usado por crianças, gestantes e lactantes

Com venda liberada nas farmácias a partir de dezembro, os suplementos de melatonina prometem virar febre entre os desejam dormir melhor.

Mas os médicos alertam que a reposição desse hormônio só deve ser feita pelas pessoas que têm deficiência dele no organismo. Segundo eles, esses produtos não são eficazes no tratamento da insônia.

Nas redes sociais, as cápsulas de melatonina também estão propagandeadas como aliadas no emagrecimento, mas também não há nenhuma evidência científica sobre esse efeito.

A melatonina já era comercializada em farmácias de manipulação com exigência de receita médica, mas uma decisão da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de outubro último a colocou na categoria de suplementos alimentares, o que dispensa a prescrição.

Dosagem baixa

Segundo notícia da Folha de São Paulo, em países como os Estados Unidos e vários da Europa, o produto também é vendido como suplemento em doses mais elevadas (de 0,3 mg a 5 mg) do que a aprovada pela Anvisa (0,21 mg por dia).

Na aprovação do uso, a Anvisa diz que o suplemento é destinado a pessoas maiores de 19 anos e não deve usado por crianças, gestantes e lactantes. Reforça que não foram provadas alegações de benefícios associados ao consumo da melatonina.

Produzida pela glândula pineal, localizada na região central do cérebro, o hormônio melatonina tem a função de regular o relógio biológico das pessoas.

Segundo o endocrinologista Bruno Halpern, chefe do centro de controle do peso do Hospital Nove de Julho, ele manda para o cérebro a informação de que a noite chegou e isso pode gerar um efeito sedativo no corpo.

Suplemento

Ele diz que, assim como outros hormônios, suplementos de melatonina só devem ser usados por pessoas que têm a redução dele no organismo e precisam da reposição.

O uso inadvertido e prolongado da melatonina também pode, teoricamente, afetar a produção natural do hormônio no corpo. É o que se chama de feedback negativo, que todas as glândulas que produzem hormônio têm.

Quanto mais hormônio se toma, mais o organismo vai deixando de produzir porque interpreta como se já houvesse o suficiente.


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