O que esperar do preço dos alimentos com onda de frio que causa geadas

  • Rosana Ribeiro
  • Publicado em 31 de julho de 2021 às 17:30
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Além da dificuldade para tomar banho, lavar a louça e esquentar o corpo, a passagem de uma massa de ar fria pelo Brasil deve impactar a economia

Onda de frio e geadas nas plantações vão afetar diretamente o bolso do consumidor

 

Além da dificuldade para tomar banho, lavar a louça e esquentar o corpo, a passagem de uma massa de ar fria pelo Brasil deve impactar a economia.

As geadas nas regiões Sul e Sudeste do país estão prejudicando culturas agrícolas importantes e devem impactar também o bolso do consumidor.

Em casos como este, a lei mais básica da economia – oferta e demanda – se manifesta concretamente.

Com as geadas matando plantações e reduzindo a oferta, a tendência é que os preços subam à medida que a demanda se mantém estável.

Os preços, que já estão nas alturas, devem continuar subindo, mas ainda é cedo para dizer quanto. A inflação dos alimentos foi de alarmantes 14% no ano passado.

Neste ano, a expectativa era de que a alta dos preços desacelerasse, mas o episódio frio de julho pode encarecer itens como milho, soja e café acima do esperado.

“Esperávamos que o preço dos alimentos subisse menos no segundo semestre, mas não que parasse de subir. Talvez o aumento ganhe fôlego no segundo semestre”, afirma Felippe Serigati, economista e pesquisador do Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP).

O especialista pondera, porém, que é muito cedo para mensurar o impacto do frio nas barracas de feiras livres e nos supermercados.

“A onda de frio não acabou. Só teremos noção do impacto que ela deixará depois de 48 horas do fim das geadas”.

E a previsão não anima. Meteorologistas afirmam que o risco de geada só diminui a partir deste domingo (1º).

Outro problema pode agravar a situação: a geada negra.

O fenômeno é a combinação de ar frio, vento e umidade baixa, e leva esse nome porque pode congelar a parte interna das plantas e matá-las. A vegetação fica queimada depois da ocorrência dessa categoria de geada.

Itens mais afetados

Segundo Serigati, é difícil prever quais culturas sentirão o maior impacto das geadas desta semana. Mas alguns itens estão na lista para serem observados de perto.

O milho é um dos que sofreram nos últimos 12 meses. As plantações foram prejudicadas por ataques da cigarrinha – uma praga comum dessa cultura –, depois pela seca e, agora, por causa das geadas.

Nos últimos 12 meses os preços futuros do milho subiram de R$ 50 para R$ 100 por saca (60 kg).

A cana-de-açúcar também deve sofrer impacto inflacionário por causa das geadas. Segundo a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), esta foi a segunda cultura mais afetada pelas geadas dos dias 19 e 20 de julho, o que deve se repetir na nova onda de frio. A cana ficou atrás apenas do milho.

Outro item que pode subir de preço nas gôndolas é o café.

Só em São Paulo, cerca de 20% da área de plantação do estado foi afetada, segundo a Faesp. A entidade disse, em comunicado, que “rendimento e qualidade dos grãos” deve ser menor nesta safra.

Os consumidores também podem esperar variação de preço na carne bovina.

“O boi não gosta de grandes variações de temperatura. O frio pode afetar o rendimento da carcaça, que é a relação da quantidade de insumos que precisa ser fornecido para o animal que será transformado em alimento no abate”, explica Serigati.

Com o preço para o produtor mais alto, espera-se, claro, um aumento também nos preços ao consumidor.

*Informações CNN Business


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