No mês de combate ao melanoma, especialistas alertam para cuidados

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 16 de maio de 2018 às 19:05
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:44
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Médicos afirmam que lesões podem ser sinal de melanoma, tipo de câncer de pele mais grave

Em maio, mês de combate ao melanoma,
especialistas alertam para a necessidade de detecção precoce da doença. Os
cânceres de pele são os que mais ocorrem no Brasil, representando cerca de 30%
de todos os casos da doença, um número que chega a 180 mil novos casos por ano,
segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca).

O melanoma corresponde a 4% deste
total, mas, apesar de ser um dos tipos de tumores que afetam o órgão com menor
prevalência entre a população, é considerado o mais grave e com grande
potencial metastático, ou seja, de migrar para outras áreas do corpo.
Entretanto, a chance de cura é de mais de 90%, se houver diagnóstico precoce.

O oncologista Bernardo Garicochea
fala sobre a detecção precoce: “É um câncer de fácil detectabilidade precoce: é
só olhar se aquela pinta está ficando estranha e ir a um dermatologista para
que ele possa avaliar. É claro que há áreas do corpo que a pessoa não consegue
ver, como as costas, a nuca, o couro cabeludo. Ela pode pedir para alguém da
sua família ver se tem alguma pintinha. Muitos pacientes contam que quem
descobriu a pinta estranha foi o cônjuge”, disse.

Esse tipo de tumor surge com o
crescimento anormal dos chamados melanócitos, células que produzem a melanina,
dando cor e pigmentação à pele. Pessoas de pele clara, cabelos claros e sardas
são mais propensas a desenvolver o câncer de pele. A idade é um fator que
também deve ser considerado, pois, quanto mais tempo de exposição ao sol, mais
envelhecida a pele fica.

Evitar a exposição excessiva e
constante aos raios solares sem a proteção adequada é a melhor medida de prevenção,
e isso vale desde a infância. Mesmo áreas do corpo não expostas diretamente ao
sol e menos visíveis, como o couro cabeludo, podem apresentar manchas
suspeitas. “Usar protetor solar é o tipo de prevenção primária que se faz para
melanoma, mas é especial para outros tipos de câncer de pele”, alerta o
oncologista.

Garicochea ressalta ainda que existe
prevenção secundária. “Quem tem histórico na família, podem descobrir através
de teste de DNA. Já os pacientes que não têm histórico familiar também podem
apresentar um tipo de textura especial de pele, e ainda pele muito clara, por
exemplo, e ter uma quantidade grande de pintinhas pretas. Nesse caso, a chance
de uma delas se transformar é muito maior do que em uma pessoa que não tem
nenhuma.”

No entanto, alerta o médico, existem
pessoas que vão ter melanoma, mesmo sem ter casos na família. “Mesmo sem
herança genética, mesmo sem serem pintadinhas, inclusive, essas pessoas vão ter
melanoma em lugares sem exposição ao sol, como interior das coxas, nádegas ou
axilas, por exemplo.”

De acordo com Garicochea, que também
é especialista em genética do Centro Paulista de Oncologia, é importante a
avaliação frequente de um dermatologista para acompanhamento das lesões
cutâneas. “As alterações a serem avaliadas como suspeitas são o que
qualificamos como ‘ABCD’- Assimetria, Bordas irregulares, Cor e Diâmetro. A
análise da mudança nas características destas lesões é de extrema importância
para um diagnóstico precoce”.

Além dos cuidados gerais indicados a
toda a população quando o assunto é câncer de pele, o que inclui o uso do
protetor solar e atenção ao período de exposição solar prolongada, pessoas com
propensão a desenvolver o melanoma devem estar constantemente atentas, pois a
doença pode surgir em áreas de difícil visualização. “Uma lesão
aparentemente inocente pode ser suspeita aos olhos do médico. Métodos
diagnósticos auxiliares, como biópsia e dermatoscopia, podem ser indicados.
Além disso, pacientes que já tiveram um tumor de pele diagnosticado estão sob maior
risco de apresentar recidiva e devem ser submetidos a exames dermatológicos
periódicos”, acrescenta Garicochea.

Imunoterapia dobra chance de cura

O melanoma é o tipo de câncer que
apresenta maior número de mutações genéticas no DNA do tumor. Essas mutações podem
confundir o sistema imunológico do paciente e dificultar a ação de terapias
tradicionais. Por isso, a imunoterapia é um dos pilares no tratamento da
doença. “A imunoterapia é o tratamento que promove a estimulação do
sistema imunológico por meio do uso de substâncias modificadoras da resposta
biológica. Em resumo, trata-se de um grupo de drogas que, em vez de mirar o
câncer, ajuda as nossas defesas a detectá-lo e elas voltam a atacar o tumor
como um inimigo. Metade dos pacientes consegue ter uma resposta muito boa com
esse tratamento”, afirma o oncogeneticista.

De acordo Garicochea, 3% dos
melanomas são hereditários. Ele destaca alguns pontos de atenção que podem
indicar propensão à doença, como pessoas que têm grande quantidade de pintas
escuras espalhadas pelo corpo; incidência de melanoma em algum parente muito
jovem (menos de 35 anos) e mais de dois casos na família (em qualquer idade).
Nesses casos, há um teste genético capaz de identificar se há predisposição
genética ao melanoma. O teste coleta uma amostra de saliva ou sangue para
detectar a presença de genes ligados à doença.


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