Luiza Trajano diz que a pandemia acelerou o processo de igualdade para a mulher

  • Joao Batista Freitas
  • Publicado em 26 de junho de 2022 às 18:00
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“Eu nem esperava estar viva pra ver o que estou vendo”, diz Luiza Helena Trajano sobre a presença da mulher em cargo de direção

Presidente do conselho de administração do Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano vinha, havia algum tempo, destoando de grande parte de colegas empresários quando o assunto era a participação feminina nos comitês das empresas.

Ela defendia que houvesse cotas por um determinado período, até que se alcançasse um equilíbrio de gênero. Diante do avanço que observou no último ano na presença de mulheres em conselhos, Luiza Trajano diz agora que precisa reavaliar a questão.

“Não estou falando que não vai mais precisar de cotas, porque ainda não sei. Mas você vai ver, nestes próximos dois anos, uma mudança muito grande de mulheres diretoras. Eu nem esperava estar viva pra ver o que estou vendo”, afirmou ao Estadão.

Segundo a empresária, a pandemia foi responsável por acelerar o processo de transformação nas companhias.

Mulheres do Brasil

Luiza Helena lidera o Mulheres do Brasil, grupo formado em 2013 que trabalha por igualdade de oportunidades entre gêneros e raças.

A empresária destaca que são necessárias políticas públicas para reduzir a desigualdade entre homens e mulheres no trabalho e, assim como o Mulheres do Brasil, defende escolas integrais e iniciativas que permitam às mães trabalhadoras morarem em regiões centrais das cidades, próximas ao trabalho.

Luiza Helena disse que “a vida inteira eu lutei por cotas (para mulheres em conselhos), porque, para mim, era um processo transitório para acertar uma desigualdade”.

Segundo ela, havia uma defasagem muito grande entre mulheres e homens. Só que hoje a realidade mudou. “As pessoas querem mulheres, e querem mesmo. Mudou de um ano pra cá. Antes, tinha só eu de presidente de conselho de empresa aberta. Depois, veio a do Banco do Brasil e mais a da CCR. Graças a Deus, agora já somos três. Você vai ver que, daqui um tempo, teremos mais”.

Velocidade adequada? 

A empresária francana diz que até o ano passado, a diferença entre a participação feminina e a masculina na alta liderança das empresas era muito grande.

“Hoje, os principais headhunters estão me falando que, para cada dez vagas em diretorias que estão chegando a eles, 60% das empresas querem mulheres”, diz Luiza Helena.

“Então, para mulheres isso já mudou muito. A pandemia trouxe muita tristeza, mas acelerou o processo de igualdade tanto para o negro quanto para a mulher. Não estou falando que não vai mais precisar de cotas, porque ainda não sei. E tem outras cotas que não são para mulheres”.

Otimista como sempre, Luiza Helena salienta que nestes próximos dois anos pode ocorrer uma mudança muito grande de mulheres diretoras. “Eu não digo presidente, porque existe um papel de formação ainda, mas vai ter muita mudança. Eu nem esperava estar viva pra ver o que estou vendo”, disse.

(As informações são do jornal O Estado de S. Paulo).


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