Mulheres: jornada dupla eleva ganho de peso em índices preocupantes

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 17 de fevereiro de 2019 às 12:54
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:23
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Mulheres são mais afetadas que homens com ganho de peso por conta da rotina sobrecarregada

Já está claro que o
estresse pode trazer inúmeras consequências físicas e mentais, que vão
desde dor de cabeça à depressão e crises de ansiedade. Estudando mais a
fundo esse problema universal, pesquisadores da Universidade de Gothenburg, na
Suécia, provaram que, quando falamos dos efeitos no ganho de peso, as mulheres
saem em desvantagem.

O estudo foi feito com mais de 3.800
pessoas e mostrou que os efeitos do estresse em mulheres acrescentam um ganho
de peso acentuado nos 20 anos seguintes.

Isso se dá devido à sobrecarga que
muitas enfrentam no dia a dia, desencadeando sensações de impotência, preguiça
e má alimentação.

Além disso, outro fato que propicia o
ganho de peso é que o nervosismo leva à emissão do cortisol, hormônio que
facilita o acúmulo de gordura na região abdominal.

O resultado é diferente com os
homens, uma vez que grande parte das mulheres enfrentam jornada dobrada de
trabalho dentro de casa. “Quando a referência foi o nível de demandas
no trabalho, apenas as mulheres foram afetadas”, aponta Sofia Klingberg,
líder do estudo. “Nós ainda não investigamos as causas subjacentes, mas
pode ser concebível uma combinação de demandas do trabalho e maior
responsabilidade pelo lar que as mulheres, geralmente, assumem”.

O método da pesquisa
convocou participantes do Programa de Intervenção de Västerbotten (VIP),
que convida os habitantes da região sueca a realizar check ups para a saúde.

Dados coletados em 1985
foram reunidos e os envolvidos foram divididos em grupos de 30 a 50 anos e 40 a
60 anos. Em seguida, os participantes foram pesados para cáculo de IMC e
entrevistados três vezes, com perguntas sobre dieta e ganho ou perda de peso
nos últimos 20 anos.

De acordo com as informações dos
primeiros anos que a pesquisa analisou, 27% das mulheres e 39% dos homens eram
obesos ou estavam com sobrepeso.

Uma década depois, 33,5% delas e 26%
deles havia ganhado, em média, 10% de massa corporal. Após 20 anos, esse mesmo
dado era de 48,9% para o sexo feminino e 43,7% para o masculino.

Os resultados das avaliações apontam
que as elas acumulam quilos a mais por estarem sobrecarregadas de tarefas.
Aquelas que tinham dificuldades de dar conta de todos os encargos engordaram
20% a mais do que as que tinham uma rotina mais tranquila.

No Brasil, as taxas de obesidade
entre todos os níveis e faixas etárias da população estão em crescimento.
Contudo, pode-se dizer que as mulheres com menos anos de estudo foram as que
mais ganharam peso de 2006 a 2017.

Segundo dados da Vigilância de
Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico
(Vigitel), o sobrepeso entre o sexo feminino cresceu de 38,6% para 50,5% no
período de avaliação. Este dado é equivalente ao salto de 25,5% para 61,7%
entre aquelas que têm até oito anos de estudo. 

Ainda assim, no país, o excesso de
peso entre os homens é mais comum, despontando de 47,5% para
57,5%. Nota-se, portanto, apesar de os homens com excesso de peso
aparecerem em maior quantidade, o índice de aumento entre as mulheres é bem
maior.

A pesquisa também coletou dados sobre
o índice de consumo de hortaliças e frutas, que é, aproximadamente, 12% maior
entre as mulheres. Elas também têm o hábito de ingerir refrigerantes e sucos
artificiais 5% menor e o consumo excessivo de álcool 15,2% reduzido. Mesmo
assim, apresentam maior quantidade de diagnósticos de diabetes e hipertensão, o
que nos indica que nem sempre a alimentação é a única responsável do ganho de
peso.


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