E Káàbo: Grupo Corpo Negro estreia novo espetáculo hoje (29) no Sesc Franca.

  • Nene Sanches
  • Publicado em 29 de maio de 2025 às 12:00
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E Káàbo – Travessia de nós é a peça do Grupo Corpo Negro com referências do teatro negro, Hip Hop, Spoken Word e Movimento Afrofuturista.

A peça do Grupo Corpo Negro tem referências do teatro negro, Hip Hop, Spoken Word e Movimento Afrofuturista (Foto: Priscila Tavares)

Ainda vivendo o luto da morte recente de sua Iyalorixá, irmãos de santo têm de lidar com a especulação imobiliária que traz uma ameaça de despejo fazendo com que percam o espaço de seu Ilê.

Um espaço vazio com o uso de poucos elementos materiais, onde palavra, movimento, sons e luz desenham possibilidades. Um chão que pode ser um terreiro, um barco à deriva, um sonho, uma memória. Sobre ele, uma esteira — lugar de descanso, trabalho ou reza.

Pedaços de galhos de madeira traçam caminhos, marcam territórios, viram remos ou armas. A luz recorta esses elementos, revelando gestos, abrindo clareiras na escuridão — ilumina, esconde, explicita. O jogo cênico se constroi na relação entre o que é dito e o que é sugerido, onde a imaginação do público completa o que a cena apenas indica.

Neste território mínimo, a palavra emerge como força motriz em um estudo minucioso de sua materialidade concreta: volume, velocidade, intensidade, musicalidade, prosódia.

Versos entrelaçados

A métrica dos versos se entrelaça com a rítmica dos corpos e o sentido se constrói tanto no que é dito quanto no modo como ecoa no espaço. “E Káàbo” ( “bem-vindo” em iorubá) ecoa como invocação, abrindo portas para narrativas de travessias onde cada elemento sonoro é calculado para atingir o público em camadas distintas.

Os corpos dos atuantes, griots contemporâneos, tecem histórias que transitam entre a cadência dos cantos de terreiros e a urgência das expressões da cultura de rua.

E Káàbo se afirma assim como cerimônia de acolhimento e desobediência. Onde o barco é também palco, onde o terreiro é também trincheira, onde cada objeto pobre na matéria mas rico no símbolo nos lembra: a potência está na transformação.

Como diz um provérbio yorubá: “A galinha não bebe água sem antes riscar o chão” — aqui, riscamos o chão com luz, com voz, com os corpos em movimento, desenhando novos mapas para velhas travessias.

Serviço

Espetáculo “E Káàbo – travessia de nós” – Grupo Corpo Negro

Quando:

29/05 Sesc Franca – 19h30

Para acompanhar a agenda do grupo siga o @grupocorponegro no instagram

Quanto: R$ 15,00 Credencial Plena – R$ 25,00 Meia entrada – R$ 50,00 Inteira


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