compartilhar no whatsapp
compartilhar no telegram
compartilhar no facebook
compartilhar no linkedin
A projeção, feita pela Universidade de Washington (EUA), considera que os casos são muito superiores aos dados oficiais e devem mais do que dobrar em 15 dias.
Mundo vive uma nova onde de contaminação por coronavírus e a variante Ômicron
Em duas semanas, o Brasil pode chegar a um milhão de pessoas infectadas por dia com Covid-19.
A projeção, feita pela Universidade de Washington (EUA), considera que os casos são muito superiores aos dados oficiais e devem mais do que dobrar em 15 dias.
O país vive um apagão de números sobre a doença, portanto não se sabe o tamanho da onda de contaminações impulsionada pela variante ômicron atualmente.
Isso porque os sistemas de notificação do Ministério da Saúde estão instáveis há um mês, após ataques hackers, e não há uma política ampla de testagem.
A universidade estima que 468 mil pessoas tenham sido infectadas no Brasil apenas nesta sexta (7), incluindo aquelas que não fizeram exames.
A quantidade é quase nove vezes superior aos testes positivos registrados pelos estados nas últimas 24 horas (53.419, segundo o consórcio de veículos de imprensa).
Seguindo a projeção, o país deve chegar a 1 milhão de infectados no dia 23 de janeiro e a um pico de 1,3 milhão em meados de fevereiro.
A estimativa é dez vezes maior do que o número registrado no auge da doença no Brasil, em março do ano passado, quando foram quase 100 mil casos positivos por dia.
Segundo a epidemiologista Fátima Marinho, integrante da rede de pesquisadores que envia os dados brasileiros à Universidade de Washington, a projeção é baseada num cálculo complexo, considerando vários fatores de cada país, e é bastante confiável a curto prazo.
“Esse aumento para 1 milhão em duas semanas é plausível, porque o modelo aplica o que já se sabe da doença nos EUA e na Europa, por exemplo, que têm números muito apurados. Na Inglaterra o teste é gratuito em qualquer farmácia e vai direto para o sistema do governo”, diz.
De acordo com ela, é esperado que a doença siga neste ano o mesmo caminho dos últimos dois anos: um aumento durante o inverno no hemisfério norte, depois uma alta nas transmissões no Brasil em janeiro e fevereiro, com um pico em março.
“Vamos repetir, como temos repetido todo ano. Não tem por que o cenário ser diferente dos outros anos e dos outros países. É impressionante que o governo não faça nada, sabendo antecipadamente o que vai acontecer”, critica a professora da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
O ritmo de crescimento projetado para as mortes, porém, é muito inferior. Os cálculos indicam que o país pode chegar a 313 óbitos diários por Covid em duas semanas, apenas 12% a mais do que as 279 mortes estimadas para esta sexta.
Ainda assim, a projeção é bastante superior ao registro oficial dos estados, que foi de 148 nas últimas 24 horas.
Segundo especialistas, a menor letalidade da doença está ligada à menor gravidade da variante ômicron e ao avanço da cobertura vacinal no país.
O Brasil tem 78% da população com ao menos uma dose da vacina, 68% com o primeiro ciclo de imunização completo e 13,4% com o reforço.
Os dados registrados pelos estados indicam que, enquanto a média móvel de casos cresceu 477% em relação aos dados de duas semanas atrás, a média de mortes continua estável, ou seja, não teve variações superiores a 15% nesse período.
Ele ressalta que já se percebia um aumento de infecções desde o início de dezembro, apesar de isso não ter transparecido nas estatísticas oficiais.
Dados de hospitais particulares, alta na positividade de testes e até um questionário aplicado pelo Facebook aos usuários indicaram mais pessoas com sintomas naquele momento.
“Isso piorou principalmente com as festas de fim de ano, a partir de 20 de dezembro. As pessoas esquecem que festa não é só uma noite de Natal ou Ano-Novo, é uma sequência de eventos e viagens”, lembra.
Ainda que os dados oficiais não deem conta de dimensionar o tamanho do surto, diversas localidades do país já registram pressão nos sistemas de saúde e voltaram a adotar medidas emergenciais.
O governo do Ceará, por exemplo, suspendeu cirurgias eletivas e a Prefeitura de São Paulo voltou a montar tendas para atendimento de pacientes.
*Conteúdo Folhapress