Alta do dólar encarece bacalhau e consumidores da região buscam opções

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 25 de fevereiro de 2020 às 08:55
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:25
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Um dos produtos mais consumidos na Quaresma, peixe importado subiu até 47% em relação a 2019

O empresário Herson Fetti já sabe que provavelmente não vai comprar bacalhau para os almoços durante a Quaresma na região de Ribeirão Preto. 

A alta do dólar, que chegou a R$ 4,39, elevou o preço do produto importado nas prateleiras, o que faz com que consumidores como ele procurem alternativas.

“Realmente não tem condição de comprar agora. A gente já comprou muito, mas hoje em dia está como a carne de gado, tem que trocar por outra coisa. O que está prevalecendo pra nós é o filé, tanto da tilápia como de merluza”, diz.

A estratégia adotada pelo empresário é justificada pelos números. 

Segundo levantamento, o quilo do bacalhau desfiado, por exemplo, teve alta de 47% na comparação com o ano passado, saltando de R$ 27 para R$ 39. A R$ 78, o bacalhau do Porto ficou 17% mais caro e o Zarbo, a R$ 39 o quilo, teve alta de 11%.

“No Brasil, por ser um país predominantemente cristão, você acaba tendo o peixe como símbolo e nesse intervalo de 40 dias o consumo é muito maior. Só que no caso de peixes importados como o bacalhau você tem, além da sazonalidade, a variação cambial”. 

“Nós tivemos um dólar que subiu muito nos últimos dias e isso de certa forma acaba pressionando o preço do bacalhau para cima”, explica José Carlos de Lima Junior, consultor em estratégia de negócios.

Alta inevitável

Gerente comercial de um supermercado na região de Franca, Antonio Noventa confirma que o varejo já se preparava para uma elevação no bacalhau. 

O que vai mudar de um local para outro, na análise dele, é como cada estabelecimento vai atrair o cliente.

“Uma certa elevação nos preços era inevitável, a gente já aguardava por isso, já tinha consciência de que isso aconteceria, como realmente aconteceu. Já está precificado o que devemos praticar ao longo do período, pelo menos o custo já está direcionado. Agora são as ações que vão fazer a diferença um pouquinho mais pra cima, um pouco mais pra baixo”, diz.

A base para a mudança no preço, no entanto, é baixa, segundo ele.

 “O bacalhau tem uma venda significativa em um determinado período. A gente não tem muita margem de manobra, ele é importado, tem uma tributação bastante expressiva, o que se faz agora é queimar margem”, analisa.

Lima Júnior, por outro lado, afirma que o comportamento de consumo das pessoas, comprando ou abrindo mão do bacalhau, pode pesar nas decisões do varejo.

“É natural no início da Quaresma você começar com o preço no mercado um pouco mais caro. Dependendo da aceitação das pessoas, dos consumidores, esse preço pode permanecer alto ou vir a ter queda”. 

“Além do bacalhau você tem outros tipos de pescado, você tem pescados nacionais como o caso da tilápia, que por ventura, dependendo preço, o consumidor pode optar. Dependendo da saída ou não do bacalhau esse preço pode vir a diminuir ao longo da Quaresma.”

Fonte: https://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2020/02/25/alta-do-dolar-encarece-bacalhau-e-consumidores-de-ribeirao-preto-buscam-opcoes.ghtml


+ Economia