Ainda paga pedágio com dinheiro? Tags gratuitas revolucionam mercado de pagamentos

  • Robson Leite
  • Publicado em 17 de dezembro de 2021 às 18:30
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Diferentemente das tradicionais Sem Parar e ConectCar, com as white label, o consumidor não paga nenhuma taxa pelo uso da tag

Como fica a situação do motorista que não tem tag e não quer ter porque pega estrada só de vez em quando?

Por muito tempo – o mercado brasileiro de sistemas de pagamento automático de pedágio em rodovias e estacionamentos permaneceu bem parado. Quase congelado.

A primeira a oferecer esse serviço foi a Sem Parar, em 2000. Com várias concessionárias como sócias, a Sem Parar reinou sozinha nesse ramo por 11 anos.

Em 2011, uma mudança na legislação permitiu a entrada de empresas de outras áreas. Foi aí que a primeira concorrente surgiu: a ConectCar. Mas foi preciso mais dez anos – e uma pandemia – para que esse mercado realmente se agitasse – e crescesse.

“Sem Parar e ConectCar foram as únicas a explorar esse mercado por muito tempo, até que em 2019 começaram a surgir os primeiros adesivos de pagamento gratuitos”, diz Carlo Andrey Gonçalves, diretor de operações e cofundador da Greenpass.

A empresa é especializada em sistemas de pagamento automático white label, ou seja: a marca que vai na tag pode ser de um banco, de uma companhia ou até de um time de futebol. A administração é da Greenpass.

Sem taxa

Segundo uma matéria do portal 6 Minutos, diferentemente das tradicionais Sem Parar e ConectCar, com as white label, o consumidor não paga nenhuma taxa pelo uso da tag. Paga apenas o valor do pedágio ou do estacionamento.

Isso fez o mercado se agitar. Mas o grande salto aconteceu em 2020 e 2021, com a pandemia. Na CCR, por exemplo, uma das maiores concessionárias de rodovias do país, o total de veículos que usam sistemas automáticos de pagamento cresceu entre 48% e 77%, dependendo da região.

“Eu até gostava de dar um bom dia para o cobrador. E detestava a ideia de pagar uma taxa sobre outra taxa, que é o pedágio”, diz o representante de vendas Edmilson Lapolla, de São Paulo.

Adesão

No início dos anos 2000, ele já teve Sem Parar – que hoje custa R$ 21,90 no plano com mensalidade. Depois, teve o ConecCar, que tinha uma taxa menor por ser pré-pago (o valor hoje é de R$ 30 na adesão e o consumidor deve manter um mínimo de saldo de R$ 30).

Mas Lapolla cansou de ter tantos gastos extras além do pedágio e parou de usar tags por alguns anos. “Só voltei agora porque tem esses adesivos que não cobram nada a mais. Basta manter a conta corrente no banco”, diz ele, que aderiu ao C6 Tag, do C6 Bank.

As tags ajudam a ativar contas de bancos digitais e fidelizar clientes. “É uma maneira que o banco tem de fazer as pessoas movimentarem a conta digital. A tag fideliza o cliente e segura o correntista”, diz Gonçalves, da Greenpass.

Outras formas de pagamento chegando

No Sistema Anchieta-Imigrantes e no Corredor Ayrton Senna/Carvalho Pinto, operados pela Ecopistas, em São Paulo, desde o primeiro semestre do ano passado, os usuários que não têm tags também podem pagar com cartão por aproximação, graças a uma parceria feita com a Visa.

Assim, as cabines agora aceitam pagamento de qualquer cartão ou celular com a tecnologia NFC, seja crédito, débito ou pré-pago.

E com o 5G…

Com a chegada da internet de quinta geração, outros modelos de cobrança de pedágio serão implementados. Um deles é o free flow, ou fluxo livre.

“É a cobrança de pedágio por trecho percorrido”, explica o executivo da Veloe. Nesse sistema, o usuário paga pelo trecho que ele percorre. Quem tem tag, não precisa se preocupar pois o valor é debitado em conta. Isso vai criar uma adesão ainda maior a esse sistema de pagamento.

Por trecho

A Nova Dutra, da CCR, por exemplo, se comprometeu, no leilão em que renovou sua concessão, em outubro, a implementar esse sistema, que ainda depende de algumas regulamentações.

Por exemplo: como fica a situação do motorista que não tem tag e não quer ter porque pega estrada só de vez em quando? Ou quem mora nas proximidades e usa a rodovia só num pequeno trecho?

“Uma das possibilidades é cobrar pela placa do veículo, mas esse é um sistema muito caro, que envolve mandar a cobrança para o endereço do motorista”, diz Gonçalves, da Greenpass.

E a reação da líder de mercado?

A Sem Parar ainda é a maior empresa do setor. São 6 milhões de clientes, representando 80% do total, diz Carlos Gazaffi, presidente da companhia. Mas diante da maior competição, a empresa não quer depender só dos pedágios.

“O Sem Parar tem a maior rede de serviços, com rede de postos de combustível, drive thrus, lava rápidos e condomínios”, diz Gazaffi.

A empresa também lançou um plano que dá a veículos de mais de dez anos de uso serviços de assistência veicular e residencial como parte do seu plano Sem Parar.

“Além disso, estamos estabelecendo parcerias estratégicas com as principais montadoras oferecendo a tag no momento que o cliente compra um novo veículo. Temos também parcerias relevantes com bancos e fintechs.”


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