Você sente queimação no estômago e esôfago após fazer uma refeição?

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  • Publicado em 15 de dezembro de 2019 às 11:59
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:08
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Muito comum e conhecido pelo forte desconforto no estômago, o refluxo afeta 45% da população ocidental

​É uma sensação muito ruim. Você acaba de comer e, antes que pense em fazer a digestão, o que acabou de chegar ao estômago volta para o esôfago.

Junto a isso, uma queimação incômoda, o que acontece pelo menos duas vezes por semana e continua até o mês acabar e começar outro. Fique atento: essa pode ser a descrição de um quadro de refluxo gastroesofágico. 

“Estima-se que 45% da população ocidental se queixa de azia, pelo menos uma vez por mês e, entre 5 e 10% das pessoas têm esses sintomas todos os dias”.

Atualmente, essa é a doença mais comum do aparelho digestivo. Estima-se que 45% da população ocidental se queixa de azia, pelo menos uma vez por mês e, entre 5 e 10% das pessoas têm esses sintomas todos os dias. Mas, por que o refluxo acontece? Para responder a essa pergunta, primeiro é preciso entender como funciona nosso aparelho digestivo.

O esôfago de um adulto é um canal elástico, com cerca de 40 centímetros, que liga a boca ao estômago. Ele é revestido de mucosa, uma pele delicada como a que reveste a nossa boca. O esôfago desce pelo mediastino, área entre os pulmões e o diafragma. Ele atravessa o diafragma poucos centímetros antes de chegar ao estômago por um buraquinho chamado hiato. 

O esôfago fica preso ao hiato, o que acaba formando uma espécie de válvula que impede que o conteúdo gástrico volte para ele. Se o esôfago desliza para cima um pouco mais que três centímetros, ele traciona o estômago e ambos se deslocam para o tórax. Essa alteração prejudica a válvula anti-refluxo. Então, quando o que está no estômago e que em geral é muito ácido chega à mucosa esofágica, esse tecido inflama provocando o refluxo.

Para descobrir se o caso é mesmo de refluxo, é preciso ficar atento aos sintomas. Há aqueles que são típicos das alterações no próprio esôfago como a azia e a regurgitação (golfadas). Há também os sintomas atípicos que acontecem por causa do conteúdo que foi refluído para outros órgãos. São eles: rouquidão, tosse seca e pigarro.

O primeiro exame que deve ser feito é a endoscopia digestiva alta. Ele avalia as alterações anatômicas como a hérnia de hiato (que causa o RGE) e também as complicações da doença, como a inflamação do esôfago, chamada de esofagite. Há ainda outros exames como a phmetria esofágica prolongada, que mede a acidez do esôfago em um período de 18 a 24 horas e a manometria esofágica, que avalia as pressões em diferentes partes do órgão. 

O paciente deve procurar o médico quando os primeiros sintomas o incomodam ou alteram a sua qualidade de vida. O especialista para o tratamento de refluxo é o gastroenterologista. Geralmente, a consulta é feita em consultório, embora os casos mais graves acabem levando ao pronto-socorro. Depois disso, o acompanhamento é mantido no consultório.

É de fato muito importante procurar um médico porque não existe correlação entre a intensidade dos sintomas e a gravidade da doença. Pacientes com sintomas leves podem ter esofagites intensas ao mesmo tempo em que esofagias leves podem aparecer em pacientes muito sintomáticos. Os casos mais graves podem se manifestar com úlceras de esôfago ou neoplasias benignas e malignas.

Gravidez, obesidade, exercícios físicos extenuantes além de doenças ou situações que aumentam a pressão dentro do abdômen também elevam o risco de desenvolver o refluxo.

De uma forma geral, não há gente mais predisposta a ter a doença, apesar de alterações anatômicas como a hérnia de hiato aumentarem a chance. Gravidez, obesidade, exercícios físicos extenuantes além de doenças ou situações que aumentam a pressão dentro do abdômen também elevam o risco de desenvolver o refluxo. É Importante prestar atenção também a doenças pulmonares e otorrinolaringológicas, que alteram a pressão dentro do tórax.

No caso dos bebês, do qual muito se fala, especialmente em relação a mortes por refluxo, o que pode acontecer é a aspiração do conteúdo refluído para o aparelho digestivo. Isso é diferente do que ocorre com adultos e demanda uma atenção específica.

Voltando ao quadro adulto, a cura definitiva do refluxo geralmente não é alcançada, mesmo com cirurgias. Isso, no entanto, não é motivo para desanimar. O controle dos sintomas é possível. Existe o tratamento clínico que envolve mudanças de hábito de vida, como melhorar a alimentação, reduzir o peso com atividade física, evitar a  bebida alcóolica e o fumo, assim como medicações que inibem a produção de ácido pelo estômago.

Entre os novos tratamentos, destacaria as medicações usadas no tratamento clínico que têm boa eficácia e novas drogas com menos efeitos colaterais que vêm surgindo a cada dia. A cirurgia que é feita por via laparoscópica também é menos agressiva e tem mostrado bons resultados.

Referências:

Referências:

Prevalência e fatores associados à doença do refluxo gastroesofágico.

Doença do refluxo gastroesofágico: qual a eficácia dos exames no diagnóstico?


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