Até acender velas ficou mais caro: religiosos estão fazendo troca por chama virtual

  • Joao Batista Freitas
  • Publicado em 12 de outubro de 2021 às 18:30
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Acender velas para professar a fé já ficou mais caro, com aumento de quase 100%, e agora igrejas e religiosos estão trocando por chama digital

Igrejas, que consomem muito, e religiosos estão trocando a vela de parafina por chama virtual, que não custa nada

Acender vela na manifestação de fé, tanto para santo quanto para orixá fica mais caro.

Foram dois golpes de uma vez para elevar o preço da vela. O produto reflete a alta de combustíveis, que provocou um efeito dominó inflacionário nas cadeias de produção, e a queda brusca da produção da matéria-prima, parafina, pela Petrobras.

Para fazer uma vela, é preciso derreter a parafina, adicionar um pavio e esperar a receita secar. O ingrediente principal tem um único produtor nacional, a Petrobras.

Acontece que a estatal o fabrica em duas refinarias, uma em Duque de Caxias (RJ), a outra em São Francisco do Conde (BA).

E a unidade baiana está em manutenção, com previsão de retorno para outubro, como a empresa diz por meio de sua assessoria de imprensa.

Repassa para quem reza

“Desde 2020, o mercado brasileiro tem sido atendido majoritariamente por produtos importados”, diz a Petrobras em nota.

Sua participação média no mercado caiu de 41% para 26%, quando comparamos o ano de 2020 com o acumulado até agosto de 2021. Até lá, a solução é importar.

E, se os fabricantes pagam caro por isso, o prejuízo não morre com eles. “Diminuímos nossas margens [de lucro], ajustamos processos, pessoas, custo e repassamos para o consumidor”, diz Pollyana Rodrigues, sócia da Velas Raio de Fogo. “Não temos outra opção.”

Em agosto do ano passado, a empresa de Rodrigues pagava R$ 7,80 pelo quilo de parafina. Um ano depois, a parafina saía por R$ 15,45, um galope de 98%.

Vela virtual

Segundo uma notícia da Folha de S.Paulo, a aposentada Irene Ferreira, 68, tem há três décadas o hábito de deixar acesa uma chama “pra santinha” –Santa Rita, a padroeira das causas impossíveis.

Ela diz que não entende de noticiário econômico, só sabe que sentiu no bolso o encarecimento da vela de sete dias, sua preferida.

Um filho lhe convenceu que o fogo virtual, num app que simula labaredas, também dá conta do recado. Às vezes, apela a ele. Uma vantagem é não precisar colocar o celular no alto da geladeira, como fazia com a vela. Seu cachorro um dia queimou o focinho nela.


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