Pandemia traz necessidade de adaptação nos relacionamentos entre mães e seus filhos

  • Marcia Souza
  • Publicado em 10 de maio de 2021 às 06:00
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As famílias precisam de regras e paciência para não abalar a relação durante os longos períodos de convivência

As famílias precisam de regras e paciência para não abalar a relação durante os longos períodos de convivência

Dividir o mesmo espaço, mesmo com quem se ama, 24 horas por dia, não tem sido nada fácil.

As famílias precisam de regras e paciência para não abalar a relação mães e filhos, já que a rotina dentro de casa, há mais de um ano, teve que ser refeita, como detalha o psicólogo Marcelo Alves, professor de psicologia na Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas.

“A rotina teve que ser reinventada tendo em vista que você tem num mesmo espaço: escritório, lar, creche, escola, casamento, filhos, profissão. A rotina foi atravessada por inúmeros fatores, alguns externos, como o home office, então isso afeta a relação familiar, tendo em vista que às vezes a criança não entende que o pai e a mãe estão num escritório e a criança quer atenção mesmo tendo os pais ali”.

E em especial, a mulher acabou nesse momento tendo preocupações adicionais. “Levando-a a ter que se desdobrar e reinventar a rotina familiar”, disse o psicólogo.

“Por um lado há uma aproximação muito grande. Agora a escola também está dentro de casa, e a mãe também tem que dar condições nesse sentido de dar uma saúde mental minimamente protegida, já que a criança perdeu muito seus espaços de brincar”.

A jornalista Rebeca Maria Paroli Makhoul, mãe do Thiago, de 6 anos, e do João Gabriel, de 10 anos, sabe da importância de prestar atenção nas questões emocionais de seus filhos.

“Não está sendo fácil para ninguém, nem para as crianças, eles choram com mais facilidade, ficam tristes por não poderem brincar com os amigos, ir na casa deles, de não poder ir até a casa dos avós. Será o segundo dia das mães sem ver as avós. Eu me preocupo com as sequelas emocionais que essa pandemia deixará em todos nós, principalmente nas crianças. Sinto eles com muito medo e acredito que as crianças concretizam o medo, o medo do monstro, na realidade, deve ser o medo que nós, adultos, passamos para eles”.

Para amenizar, ela faz diferentes atividades com as crianças. “Para manter o equilíbrio emocional, procuro distraí-los, saio um pouco com eles para passear com o cachorro, fazemos algumas comidas especiais em casa, assistimos séries juntos e principalmente conversamos abertamente sobre todos os sentimentos deles. Não minto, mas tem coisas que acho que não precisam ser ditas para crianças”, disse Rebeca.

Apesar dos desafios na relação, ela enfatiza que a possibilidade de ficar mais tempo com eles foi o melhor que poderia ter acontecido.

“As mudanças positivas foram as leituras diárias em família, as brincadeiras em família que temos tempo para fazer e depois que isso tudo passar quero ter um tempo para manter isso também”.

“Nossa rotina mudou”, acrescenta. “Acordam mais tarde, dormem mais tarde, ficam mais tempo com eletrônicos. Mas não cobro muito deles, penso que vai ser algo que vai passar e quando percebo que realmente há um exagero, vou brincar com eles”.


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