Dermatite atópica: saiba o que fazer para garantir o bem-estar do seu filho

  • Joao Batista Freitas
  • Publicado em 25 de janeiro de 2021 às 20:00
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A doença é comum na infância: segundo dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia, a doença atinge 25% das crianças no país

Pele vermelha, seca, que coça tanto a ponto de fazer feridas. Não é fácil conviver com a dermatite atópica, muito menos ver o filho sofrer por causa dela.

Infelizmente, ela é bastante comum: segundo dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia, a doença atinge 25% das crianças no país.

E informações recentes publicadas no portal Medscape (referência na comunidade médica) afirmam que esse problema na pele de crianças acontece majoritariamente na primeira infância: 85% no primeiro ano de vida, chegando a 95% antes dos 5 anos.

A doença pode ter períodos de remissão, especialmente na adolescência, e depois voltar na idade adulta.

Para dar atenção a ela, 23 de setembro foi instituído como o Dia Nacional de Conscientização da Dermatite Atópica pela Sociedade Brasileira de Dermatologia e pela Associação Brasileira de Alergia e Imunologia.

Reportagem do jornal “Extra” reuniu tudo que você precisa saber sobre a doença, e a melhor maneira de lidar com ela para que o seu filho tenha qualidade de vida.

Dermatite atópica é uma alteração inflamatória crônica da pele, imunomediada (que se manifesta quando o sistema de defesa do organismo não reconhece um possível agressor e, por isso, ataca células saudáveis do próprio corpo) que não tem cura.

Não é contagiosa e, segundo Clarissa Prati, assessora do Departamento de Dermatologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Dermatologia, ocorre devido a uma tendência genética familiar.

“Se os pais (ou um deles) têm alguma manifestação de atopia, inclinação hereditária de desenvolver manifestações alérgicas, como asma, rinite ou alergia alimentar, são grandes as chances de o filho desenvolver também, e aí, pode manifestar a dermatite atópica”, afirma Prati.

O principal sintoma da doença é o prurido (coceira), prejudicando o sono e as atividades habituais. A pele seca característica e a coceira desencadeiam uma reação inflamatória deixando o local vermelho e com lesões. Nos casos mais graves, a pele fica bastante ferida.

A dermatite atópica atinge áreas diferentes da pele, dependendo da idade da criança. Nos bebês pequenos, geralmente afeta bochechas, tronco e regiões extensas de membros superiores e inferiores.

“Após os 2 anos, é comum que as lesões se localizem nas dobras atrás dos joelhos e dos cotovelos, além do pescoço, punhos e tornozelos”, diz a dermatologista pediátrica Juliana Loyola Presa, professora da Universidade Federal do Paraná e das Faculdades Pequeno Príncipe.

Cada paciente deve ser avaliado de maneira individualizada, pois as causas podem ser diferentes de um para outro. As estações do ano podem influenciar nas reações.

Entre os cuidados, estão: manter a hidratação da pele da criança, sobretudo após o banho, passar longe dos alérgenos mais comuns, como sabão em pó e amaciante, evitar que roupas de lã ou de materiais sintéticos (mesmo a etiqueta) entrem em contato direto com a pele, dando preferência a tecidos naturais.

Se o problema for relacionado a alergia alimentar, é imprescindível ficar atento ao que o pequeno ingere, e isso pode variar de acordo com cada um.

Novos tratamentos em teste

A base do tratamento da dermatite atópica é a hidratação da pele, segundo Márcia Carvalho Mallozi, coordenadora do Departamento Científico de Dermatite Atópica/Contato da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai).

“Quando as lesões estão inflamadas, o alergista ou dermatologista poderá indicar alguns cremes que controlam a inflamação. Se houver sinais de que elas estejam infectadas, um antibiótico deverá ser prescrito” , afirma.

Um artigo publicado recentemente na Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos, a maior biblioteca médica do mundo, traz esperanças sobre novos tratamentos que vêm sendo testados: um medicamento de uso tópico chamado crisaborol, e outro administrado via subcutânea em pacientes maiores de 12 anos, de nome dipilumabe, são algumas das grandes promessas.

Vale reforçar que essas alternativas estão no campo dos estudos e, além disso, nenhum medicamento deve ser usado sem prescrição médica.

Como evitar a ferida na pele

Quanto mais se coça, mais sente vontade de coçar. Romper este ciclo é fundamental, e a hidratação é a principal aliada nesse processo.

Hidrate a pele, deixando-a melecada, mesmo. Procure manter as unhas do seu filho sempre curtas e tente distraí-lo, cantar uma música, brincar e acolher.

Há opções que ajudam o pequeno nas crises mais fortes: as mais indicadas são cremes e pomadas, mas os pais precisam ficar atentos ao tipo de tratamento que farão.

Segundo a dermatologista pediátrica Juliana Loyola Presa, a dermatite atópica pode estar associada a outras doenças, como asma e rinite.

No Brasil, existem grupos de apoio a pacientes e suas famílias. Saber que outras crianças passam pelas mesmas dificuldades e dividir experiências pode ser um aliado no controle dos sintomas.


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