Obesidade atinge quase 20% da população brasileira, aponta pesquisa

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 19 de junho de 2018 às 00:43
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:48
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Entre os jovens, o índice aumentou 110% nos últimos dez anos – quase o dobro da média de outras faixas etárias

A obesidade já é uma
realidade para 18,9% dos brasileiros. Já o sobrepeso atinge mais da metade
da população (54%). Os dados são da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco
e Proteção de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) e foram
divulgados na última segunda-feira, 18 de junho, pelo Ministério da Saúde.

Entre os jovens, a obesidade aumentou 110% entre 2007 e 2017.
Esse índice foi quase o dobro da média nas demais faixas etárias (60%). O
crescimento foi menor nas faixas de 45 a 54 anos (45%), 55 a 64 anos (26%) e
acima de 65 anos (26%).

No mesmo período, o
sobrepeso foi ampliado em 26,8%. Esse movimento foi maior também entre os mais
jovens (56%), seguidos pelas faixas de 25 a 34 anos (33%), 35 a 44 anos (25%) e
65 anos ou mais (14%).

Na avaliação da diretora do Departamento de Vigilância de Doença
e Agravos Não Transmissíveis e Promoção da Saúde do Ministério da Saúde, Fátima
Marinho, embora o ritmo de crescimento da ocorrência de obesidade tenha se
estabilizado desde 2015, ainda é um índice preocupante.

Ela identifica como fator central desse processo a mudança na
realidade das mesas dos brasileiros. “Pessoas comiam comidas mais saudáveis. O
arroz e o feijão, por exemplo, não são mais unanimidade. Há mais comidas
industrializadas, mais fast
food e menos consumo de comidas mais frescas”, explica a
diretora.

Menos refrigerante e mais atividade
física

Apesar desses
índices, o levantamento registrou um aumento da prática de atividades físicas
no tempo livre de 24,1% no período de 2009 a 2017 e uma queda de 52,8% no
consumo de refrigerantes e bebidas açucaradas entre 2007 e 2017. A perda da
preferência por esses tipos de bebidas ocorreu sobretudo entre adultos com
idades entre 25 e 34 anos e entre pessoas com mais de 65 anos.

A inclusão de frutas e hortaliças no cardápio habitual também
teve um acréscimo nos últimos anos, crescendo 5% entre 2008 e
2017. Nesse consumo, há um recorte de gênero representativo. Enquanto
esses alimentos são mais frequentes no cotidiano alimentar das mulheres (40%),
eles ainda não são muito populares entre os homens (27,8%).

Na opinião de Fátima Marinho, a mudança de hábitos alimentares
necessária para reduzir esses índices de obesidade e sobrepeso passa por
informar melhor o consumidor na hora de escolher o alimento. Ela cita
como exemplo sucos industrializados, vistos como mais saudáveis por muitas
pessoas, mas que são compostos por quantidades de açúcar semelhante às dos
refrigerantes. “A política pública tem que incentivar pessoas a comerem melhor.
Informar melhor é a nova proposta, começar nos alimentos industrializados o que
está lá dentro e as quantidades. Se há aquelas letrinhas pequenas e tem que
fazer vários cálculos, aí fica mais difícil”, comenta.

A Vigitel é realizada com maiores de 18 anos em 26 capitais e nos Distrito Federal. Foram entrevistadas 53 mil pessoas entre fevereiro e dezembro de 2017.Ou seja, o levantamento não registra os hábitos e tendências de pessoas que moram em cidades do interior do Brasil.


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