“Agora, com a popularização das plataformas digitais e redes sociais, a regra número 3 é evitar ‘misturinhas caseiras’ ensinadas por supostos profissionais ou donas/donos de casa”, continua o comunicado da Anvisa.
“Misturinhas” extremamente perigosas
Algumas combinações de produtos caseiros para limpeza jamais devem ser feitas. Quando certos produtos são misturados, acontece uma reação química que pode liberar gases perigosos, mesmo que eles sejam invisíveis.
Mesclar água sanitária (hipoclorito) com produtos à base de amônia gera cloramina, um gás tóxico que causa irritação nos olhos, no nariz e nos pulmões logo nos primeiros minutos. A água sanitária combinada ao álcool também é muito arriscada, pois pode criar clorofórmio gasoso, uma substância perigosa para o sistema respiratório.
Juntar água sanitária com vinagre libera gás cloro (aquele com cheiro forte de piscina), bastante corrosivo para as vias respiratórias. Até mesmo combinar produtos aparentemente simples, como detergente comum com desinfetante, pode formar vapores irritantes e perigosos que atacam olhos, pele e vias respiratórias.
Esses gases, segundo Marlon, muitas vezes têm cheiro forte e podem causar sensação de ardência ou falta de ar logo nos primeiros minutos de exposição. “O melhor é nunca misturar nada diferente do indicado no próprio rótulo das embalagens”, diz.
Problemas de saúde causados pelas “misturinhas”
Marlon explica que os gases tóxicos das misturas caseiras feitas sem critério podem provocar sintomas imediatos, como tosse, dores de cabeça, sensação de ardor nos olhos e na garganta, náusea, tontura e fraqueza.
Em caso de mal-estar, o primeiro passo é sair imediatamente do local e buscar um ambiente bem ventilado. “Esse cuidado é fundamental porque os gases tóxicos liberados tendem a ocupar todo o espaço disponível. Contudo, são dissipados mais rapidamente quando há circulação de ar”, sugere o especialista.
Em casos mais graves, a pessoa pode sentir confusão mental ou dificuldade crescente para respirar, sendo importante o atendimento médico imediato. “Em locais fechados, o risco é ainda maior de asfixia e intoxicações graves, especialmente em crianças, idosos ou animais de estimação”, aponta.
O contato direto da mistura com a pele pode provocar vermelhidão e queimaduras químicas. Nestes casos, assim como quando houver contato com os olhos, lave os locais com bastante água antes de se dirigir a um Pronto-Atendimento médico.
Já a exposição frequente ou prolongada a essas substâncias pode levar a quadros respiratórios crônicos e desencadear alergias, agravando doenças preexistentes, como asma, bronquite e rinite. “Além disso, pele e mucosas podem ficar sensíveis ou até sofrer lesões duradouras”, afirma.
Cuidados ao lidar com produtos químicos em casa
A ideia de que misturar produtos melhora a limpeza é um mito muito difundido, especialmente nas redes sociais. “Isso pode até reduzir o efeito de cada substância, além de gerar reações químicas imprevisíveis. Cada produto foi desenvolvido para funcionar de determinada forma, por isso, use apenas um por vez, conforme indicado”, afirma.
Jaqueline conta que, durante o desenvolvimento de produtos, inúmeros testes e combinações de ingredientes em várias dosagens são realizados para avaliar a efetividade da fórmula, além da sua segurança ao consumidor.
Segundo a especialista, a opção mais segura é utilizar os produtos desenvolvidos por fabricantes, sempre seguindo o modo de uso descrito nas embalagens. “Quando misturamos ingredientes por conta própria, as dosagens e a interação entre eles podem gerar gases tóxicos, intoxicação, alergias e até mesmo acidentes domésticos”, alerta.
Marlon orienta sempre manter o ambiente bem ventilado, com janelas e portas abertas, ao usar produtos de limpeza em casa, e usar apenas a quantidade sugerida pelo fabricante.
“A busca por uma casa limpa não passa por misturas ‘milagrosas’, mas pelo uso correto dos produtos de limpeza. Priorizar a simplicidade e conhecer os riscos de misturar certos produtos pode evitar muitos acidentes domésticos”, avalia.
A Anvisa recomenda, ainda, observar se há a necessidade de utilizar luvas ou máscara ao manipular os produtos. Vale ressaltar que, também nos rótulos, é possível encontrar as providências que devem ser adotadas em caso de acidentes.
Disque Intoxicação
Criado pela Anvisa, o Disque Intoxicação, que atende pelo número 0800-722-6001, conecta os usuários a uma das 36 unidades da Rede Nacional de Centros de Informação e Assistência Toxicológica (Renaciat).
Segundo a revista Casa e Jardim, o objetivo é prestar esclarecimentos sobre primeiros socorros em casos de acidentes com produtos químicos e o tratamento adequado para cada tipo de substância tóxica.