Saiba quais são os fatores e doenças que podem levar ao ganho de peso

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 17 de novembro de 2019 às 23:24
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:02
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Existem alguns fatores silenciosos que podem estar interferindo no seu processo de emagrecimento

​Muitos dizem que perder peso é apenas uma conta de soma e subtração: deve-se gastar mais calorias do que se come. Porém, existem alguns fatores silenciosos que podem estar interferindo nesse processo, fazendo com que o seu corpo não transmita os bons resultados da equação dieta e atividade física por completo. 

Hipotireoidismo

Hipotireoidismo é quando os hormônios emitidos pela glândula estão em baixa. Já o hipertireoidismo, conta com a alta produção destes compostos. “A pessoa que não tem um bom funcionamento da tireoide pode ter desequilíbrios em outros sistemas. Eu faço uma analogia, como se a tireoide fosse o relógio do corpo, porque quando os níveis de hormônio estão muito baixos, a pessoa fica mais lenta, mais devagar, mais sonolenta, com sobrepeso, entre outras coisas, como batimento cardíaco lento e respiração mais devagar”, detalha Claudio Ambrosio, médico pós-graduado em endocrinologia e metabolismo pela Universidade da Califórnia.

As causas podem estar ligadas à genética ou devido à deficiência do hormônio TSH, responsável pela produção de outros dois compostos, o T3 e o T4, que ajudam a regular o metabolismo. “A mais comum é o hipotireoidismo de Hashimoto, que é uma doença autoimune, em que o anticorpo age contra a própria tireoide, ou seja, diminuindo os hormônios tireoidianos. Há também o hipotireoidismo secundário, provocado pela deficiência na produção do TSH. Neste caso, pode acontecer devido a um adenoma na hipófise, ou até mesmo causas pós-cirúrgicas, quando o paciente tem que fazer retirada da tireoide por câncer, por exemplo”, aponta Guilherme Renke, endocrinologista e cardiologista, titular da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).

Em ambos os casos, a solução é a reposição hormonal, receitada por um médico. Apesar de não haver recomendações específicas para a dieta de quem sofre de hipotireoidismo, Guilherme afirma que uma alimentação rica em nutrientes, como iodo, ferro, zinco e selênio, ajudam no trabalho da glândula.

É importante notar que a má regulação da dose de TSH ou a ausência do reabastecimento dessa substâncias, pode fazer com que você esteja engordando e se sentindo indisposto. O distúrbio pode ser detectado a partir de exames de sangue.

Diabetes

A diabetes tipo 2 aparece, geralmente, na fase adulta, e está muito ligada à má alimentação. Os dados de 2018 da Organização Mundial da Saúde (OMS), indicam que o número brasileiros diabéticos é de 16 milhões, sendo que o país ocupa o 4° lugar no ranking das nações com mais acometidos pela doença.

Os quadros caracterizam-se pela produção insuficiente de insulina pelo pâncreas ou por problemas no organismo ligados à dificuldade de recepção e utilização do hormônio “A insuficiência da insulina acontece progressivamente. No quadro da hiperinsulinemia, ocorre a resistência dos receptores ao hormônio, com isso, eles ficam saturados. Dessa maneira, o pâncreas aumenta a produção da insulina para poder vencer a resistência, até que ele não aguente mais e entre em falência”, explica Guilherme.

A obesidade ou sobrepeso estão na lista dos maiores sintomas. 

Por ser uma doença que se desenvolve com o passar do tempo, é posível detectar a pré-diabetes e reverter o quadro. “O primeiro passo é identificar o motivo da pessoa estar na pré-diabetes. Por exemplo, a obesidade é um fator. Neste caso, vamos cuidar para que a pessoa reduza o peso e, na maioria das vezes, isso basta”, detalha Claudio.

Contudo, de acordo o médico, a perda de peso repentina e rápida pode indicar a doença. “A glicose aumenta muito no sangue e o corpo não a utiliza como combustível e começa a gastar outras fontes de energia, como massa muscular e gordura. Quando a pessoa toma insulina, no tratamento para diabetes, ela ganha peso”, explica. 

Ainda assim, o endocrinologista titular da SBEM alerta sobre o acúmulo de gordura devido à ausência do tratamento. “A insulina é o anabolizante mais potente do corpo humano. Quando os índices estão altos, você tem um aumento do transporte de glicose para centro das células de gordura e musculares”.

Depressão e ansiedade

A fragilidade emocional causada pela depressão pode acarretar distúrbios alimentares, como a compulsão. “É difícil acompanhar a rotina da alimentação desse tipo de paciente, pois de dia ele pode não sentir fome, mas à noite comer muito doce  ou carboidrato. A alimentação dele fica a cargo das emoções, e não do fisiológico”, afirma Claudio

Em ambos os distúrbios, a falta do hormônio da felicidade pode ter problemas aparentes. “Os sintomas depressivos e ansiosos estão relacionados à deficiência de serotonina. Com isso, é comum gerar perda de energia, fadiga, sensação de aperto no peito, dificuldade para dormir, ou manter o sono e perda ou ganho de peso”, esmiuça o psiquiatra Higor Caldato, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). “Quando isso acontece, o cérebro busca alívio por meio de uma recompensa e o estresse é descarregado na comida. Normalmente, o nosso centro de recompensa é mais estimulado quando consumimos alimentos ricos em açúcar e gordura”.

O ganho de peso não é um sintoma universal, uma vez que a depressão e a ansiedade manifestam-se de formas diferentes em cada um. Para Higor, a forma de se comportar em relação à comida e à alimentação pode ser afetada pelos sentimentos. “Além disso, a doença gera também uma alteração química no cérebro, o que pode desencadear outras alterações a nível hormonal, por exemplo”, completa.

Os altos níveis de estresse, também muito enfrentados por indivíduos ansiosos, pode levar a pessoa a exagerar na ingestão de alimentos pouco nutritivos. “Quando a pessoa está muito estressada, a glândula suprarrenal começa a liberar maior quantidade de cortisol. Outra forma muito comum é quando a pessoa toma corticóides ou cortisona de forma indiscriminada, sem orientação médica. Ela acaba inchando sem perceber e acha que engordou”, explica Guilherme.

Antidepressivos e ansiolíticos para o tratamento dessas enfermidades também podem colaborar para o acúmulo de gordura. Higor explica que “a ação direta de alguns remédios, como a diminução de neurotransmissores como a dopamina e a acetilcolina, podem levar ao aumento de apetite ou a inibição da leptina, (proteína que age no cérebro e ajuda a promover menor ingestão alimentar)”. Ainda mais, quando a pessoa começa a se recuperar, o ganho de peso pode aparecer devido à melhora do apetite.

Pílula anticoncepcional

Os efeitos das pílulas anticoncepcionais são muitos e variam para cada um. Algumas mulheres são mais sensíveis aos hormônios femininos, o que faz com que a dosagem desses compostos seja individual. “Geralmente, aumento de peso por usar a pílula vem dos medicamentos que têm maior concentração de estrogênio”, revela Claudio.

Para mulheres que estão em processo de perda de gordura e ganho de massa magra, as pílulas podem desafavorecer os efeitos dos treinos. “O estrogênio acaba dominando no corpo e com isso pode inibir a produção o efeito da testosterona, que é o hormônio que faz ganhar massa e definição dos músculos”, detalha.

E, quando os números da balança começam a subir, nem sempre correspodem ao ganho de gordura, mas ao inchaço. “O hormônio feminino tem a tendência de fazer o corpo reter líquido. É um efeito do excesso desse hormônio. Há mulheres que sentem mais essa retenção, que pode ter outras causas além do uso da pílula”, aponta o médico.


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